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Tom Jobim inspira livro e mostra

O livro Toda Minha Obra É Inspirada na Mata Atlântica, com fotos de sua viúva, Ana Lontra Jobim, e a mostra Imagem do Som de Antônio Carlos Jobim, no Paço da Cidade, enfocam a relação entre imagem e música na obra do compositor

Por Agencia Estado
Atualização:

- A música de Tom Jobim está ligada à imagem. Ele sempre a associou à paisagem brasileira e fez inúmeras trilhas sonoras para cinema e televisão. Por isso, o livro Toda Minha Obra É Inspirada na Mata Atlântica, com fotos de sua viúva, Ana Lontra Jobim, e a mostra Imagem do Som de Antônio Carlos Jobim, no Paço da Cidade, se complementam, apesar das origens diferentes. O livro, com lançamento nesta quinta-feira, no Jardim Botânico, reúne 200 fotografias, selecionadas entre 4 mil, feitas ao longo da costa leste do Brasil, no que foi ou ainda é a Mata Atlântica. A mostra é a edição 2001 do projeto de Tato Taborda, que já transformou em arte visual a obra de Caetano Veloso, Gilberto Gil e Chico Buarque. "No caso do Tom, o difícil foi escolher que músicas ficariam de fora. Ele tem mais de 300 conhecidas que caberiam perfeitamente no projeto", conta o designer Taborda que, num prazo de dez anos, pretende armar um painel ligando música popular brasileira e artes plásticas. "Chamei Almir Chediak, autor de seu songbook, e o crítico Antônio Carlos Miguel para fazerem a seleção e pelo menos 70 músicas constavam das duas listas. As outras dez foram sugeridas pelo filho de Tom, Paulo Jobim, e pela neta dele, Dora." Contemporâneos da bossa nova, Lygia Pape, Antônio Bernardo, Amilcar de Castro e Aloísio Carvão fizeram novas obras com a nova geração, como Jorge Barrão, e a anterior, como Oscar Niemeyer. As músicas foram sorteadas, mas a liberdade para criar foi total. "Não houve sugestão de estilo ou suporte, mas ninguém tentou ser literal. Alguns artistas nem precisaram sair de sua temática", comemora Taborda. "Niemeyer, por exemplo, ficou com Corcovado e usou seu traço simples para desenhar a o Rio. Antônio Bernardo esculpiu um diapasão porque sua música era Desafinado. Ana Laet desenhou um mapa-múndi onde só aparece o bairro da Garota de Ipanema e Erh Ray fotografou belas pernas femininas sob a mesa de um bar para Falando de Amor." Curiosamente, ninguém da família Jobim, tão ligada às artes visuais, entrou na seleção. "Eles preferiram ficar de fora, exatamente porque já trabalharam muito sobre a obra jobiniana", explica Taborda. Toda Minha Obra É Inspirada na Mata Atlântica é resultado desse esforço de se debruçar sobre o acervo deixado por Tom. Se as músicas estão razoavelmente organizadas, há uma enorme quantidade de textos do compositor, que os anotava em cadernos, sem muita ordem, ou não se furtava a dar entrevistas a quem o procurasse, falando preferencialmente de seu amor pela natureza, em geral, e pela Mata Atlântica, em especial. "Tentei fazer das fotos uma viagem pela exuberância de cores e imagens das quais Tom sempre falava. O critério de seleção das fotos foi estético, mas procurei estar em sintonia com o que ele sempre falou sobre a Mata Atlântica", explica Ana Jobim, que viveu com o compositor durante 17 anos, até sua morte em dezembro de 1995. "Ele esteve comigo em apenas uma viagem a Parati, mas todas as fotos têm sua influência. Nem todos os textos que as acompanham são inéditos, mas foram ouvidos ou publicados poucas vezes." O livro tem edição de luxo e estará à venda em todo o País por R$ 140,00, pois é patrocinado pela Gráfica Takano e pela Companhia Estadual de Gás (CEG). Tem ainda textos de apresentação de Paulo Jobim e do professor de história da arte Paulo Sérgio Duarte. A exposição fica no Paço até fevereiro e em março vai para o Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo. Terá também um catálogo com as letras das músicas e reprodução de todas as obras.

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