TIM assume Free Jazz e Prêmio Sharp

Empresa anunciou investimentos de R$ 25 milhões em quatro projetos centrados na música. Além do resgate do festival e do prêmio, estão previstos a construção de um auditório no Ibirapuera, antigo projeto de Niemeyer, e um programa voltado a comunidades carentes

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

Com um investimento de R$ 25 milhões, a operadora de telefonia móvel TIM Brasil pretende unir a sua logomarca em quatro projetos que têm a música como ponto comum. A TIM Música sem Fronteiras vai financiar a construção do Auditório de Música do Parque do Ibirapuera, criado pelo arquiteto Oscar Niemeyer em 1954, além de resgatar o Free Jazz Festival e o Prêmio Sharp. A empresa italiana pretende ainda apoiar um projeto social de iniciação musical a comunidades carentes em seis cidades brasileiras. "A música é o melhor idioma de comunicação mundial", explica Giorgio della Seta, presidente da Telecom Itália América Latina, controladora da TIM Brasil. "E a brasileira, em especial, por ser admirada em todo o mundo, consegue superar barreiras." A pedra fundamental do Auditório de Música será lançada na segunda-feira, com a presença da prefeita Marta Suplicy e, espera-se, dos ministros da Cultura (Gilberto Gil) e Educação (Cristovam Buarque). "Não sei se será possível, mas aguardamos também a vinda de Oscar Niemeyer, que sempre sonhou com a construção do auditório", afirma Seta. O arquiteto projetou o espaço para a comemoração do quarto centenário de São Paulo, mas a obra não ficou pronta em tempo e jamais foi concretizada. Com inauguração prevista para 25 de janeiro do próximo ano, quando a cidade completará 450 anos, o auditório, localizado próximo à Oca, terá capacidade para 800 pessoas em shows fechados, mas com a possibilidade de abrir uma de suas paredes para espetáculos ao ar livre, o que permitirá a presença de até 5 mil espectadores. O projeto deverá consumir entre R$ 10 milhões e R$ 12 milhões. Como o auditório só ficará pronto em 2004, a primeira edição do TIM Festival, substituto do Free Jazz Festival, vai ocorrer no Rio, próximo ao Museu de Arte Moderna, nos dias 30 e 31 de outubro e 1.º de novembro. "A empresa entendeu nosso ideal de concentrar a organização em apenas uma cidade; por isso, o festival vai ocorrer alternadamente entre Rio e São Paulo", comenta Monique Gardenberg, da Dueto, coordenadora do evento, que terá curadoria de Zuza Homem de Mello, Paulo Albuquerque, José Nogueira e Hermano Vianna. A concentração vai permitir, segundo Monique, uma maior integração dos músicos com a cidade. "Pretendemos reeditar as Jam Sessions, em que os artistas possam varar a madrugada em apresentações improvisadas", comenta ela, que prevê a organização de três espaços de apresentação, além do espaço com bares, restaurantes e shows de DJs. O Main Stage, palco principal, receberá as principais atrações. "Serão noites segmentadas, com grandes nomes de um determinado gênero musical de diferentes países, da Tanzânia até os Estados Unidos. Podemos até ter uma Noite do Hip Hop pelo mundo." Já o TIM Club mantém a tradição de palco para a apresentação dos grandes nomes do jazz. Um dos artistas já confirmados é o da cantora Patti Austin, que vai apresentar tributo a Ella Fitzgerald acompanhada da Count Basie Orchestra. "Assisti ao espetáculo deles em Nova Orleans e fiquei encantando", comenta Zuza Homem de Mello. "A orquestra ganhou mais suingue depois que trocou de líder e Patti é uma grande cantora e transforma a presença de Ella em um evento nobre." O TIM Lab vai ocupar o antigo palco New Directions e será voltado para as novas tendências musicais, além da apresentação de novos talentos. Um dos nomes praticamente confirmado é o do DJ japonês Cornelius. "O espaço será ocupado também para a apresentação de pesquisas sonoras e experiências com instrumentos e tecnologias", afirma Monique. O casting do festival será composto por 20 artistas, brasileiros e internacionais. O TIM Festival pretende ainda programar movimentos paralelos que permitam a participação do público. Estão confirmados workshops e palestras, realizadas durante o dia no espaço do TIM Lab, além de mostra de cinema de colecionadores de jazz, na cinemateca do MAM. Antes da realização do festival, ocorrerá a entrega do Prêmio TIM de Música Brasileira, substituindo o tradicional Prêmio Sharp. "Na primeira edição, vamos retomar as homenagens a artistas vivos e mortos", comenta José Maurício Machline, criador do prêmio. "E o primeiro será Ary Barroso, em comemoração aos 100 anos de seu nascimento." Machline mantém praticamente o mesmo conselho curador do Sharp, formado pelos músicos Gilberto Gil, Rita Lee, Paulo Moura e João Bosco, o crítico Zuza Homem de Mello, o jornalista Antônio Carlos Miguel e o publicitário Mario Cohen. A edição deste ano terá 12 categorias (MPB, Pop/Rock, Samba, Canção Popular, Regional, Instrumental, Projeto Visual, Revelação, Arranjador, Melhor Canção, Especiais e Voto Popular). Ao todo, serão 35 segmentos premiados por um júri formado por 21 profissionais. "Nossa intenção é diminuir o número de categorias a fim de possibilitar uma melhor apuração", explica Machline, lembrando que a margem de erro dos procuradores está em 1%. "Há lançamentos localizados, tanto em Belém do Pará até em Santa Maria, no Rio Grande do Sul." O último projeto da TIM é chamado de Pequenos Embaixadores da Paz - estudantes da rede pública e crianças que moram em favelas participarão de oficinas semanais de música nas próprias escolas. Como ponto de partida, o projeto atingirá as cidades de São Paulo, Recife, Salvador, Florianópolis e Rio Branco. Na capital paulista, já estão definidas, na Secretaria Municipal de Educação, dez escolas de áreas carentes, permitindo a participação de 5 mil crianças. Depois de dois meses de oficina, serão selecionados cem alunos que serão os Pequenos Embaixadores da Paz: receberão uma formação musical, além de uma cesta básica mensal no valor de R$ 50.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.