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Tico Santa Cruz fala sobre o futuro dos Detonautas

Para vocalista, Nettinho aprovaria a retoma nesta sexta-feira da turnê Psicodeliamorsexo&Distorção, no Rio Grande do Sul

Por Agencia Estado
Atualização:

Apesar da morte do guitarrista Rodrigo Netto, assassinado no domingo, após sofrer tentativa de assalto no Rio, a banda Detonautas Roque Clube anunciou que continuará na estrada e manterá sua agenda de shows da turnê, Psicodeliamorsexo&Distorção. Hoje eles se apresentam em Santo Ângelo, no Rio Grande do Sul, seguirão para Santa Catarina, Mato Grosso, Bahia, São Paulo e Minas, entre outros Estados. "Essa decisão foi imediata. Apesar de tudo o que aconteceu, a gente resolveu não se render, cumprir os compromissos. Com certeza era o que Netto ia querer ou qualquer um de nós se nos ocorresse o mesmo", diz o vocalista Tico Santa Cruz. "No dia do enterro, à noite, ficamos tocando música na casa do Tchello, tentando encarar a situação de uma maneira menos dolorosa." A Detonautas segue seu caminho, mas, segundo Tico, a banda não colocará ninguém no lugar de Netto. "O Renato (Rocha) vai ficar com as guitarras." A banda mantém ainda seu projeto de lançar o livro Mais Além, em agosto. Será uma compilação dos textos publicados no blog do grupo desde 2002, com notícias, histórias de bastidores dos shows, reflexões. "Não é uma biografia." Tico diz que tem visto gente chamando a banda de oportunista Para a banda, é prática abastecer o site oficial com freqüência. Na terça, um dia depois do enterro de Netto, Tico reproduziu um texto sobre a paz, que ele havia escrito em seu blog, o Clube da Insônia, no ano passado. Em um trecho, escreveu: "Explique a paz para um moleque que nasce num lugar e desde criança apanha dos pais, não tem uma casa pra morar, não tem família, não tem comida, não tem dinheiro, não estuda..." "Quando escrevi esse texto o fiz motivado por coisas que eu estava observando." Ele diz que quis deixar claro no site que esse texto foi escrito no ano passado, porque tem visto gente chamando a banda de oportunista. "Há pessoas que nunca acompanharam nossa carreira e agora dizem que estamos nos aproveitando, que só estamos falando desses assuntos porque aconteceu com a gente. Só que nós sempre falamos sobre isso com nossos fãs. Fazemos desde nosso primeiro disco", defende-se o vocalista. "Este não é um momento de competição, mas de união." Indagado se o grupo pretende intensificar seu engajamento depois do assassinato de Netto, o vocalista confirma. Tem planos de organizar uma manifestação pública, mas prefere não dar detalhes agora, porque acredita que, durante a Copa, as pessoas se alienam e tudo o que ele porventura falar correrá o risco de entrar por uma orelha e sair por outra. "Já tinha projetos, mas nunca consegui colocar em prática, por falta de apoio da própria classe. Talvez agora eles se sensibilizem com a situação." Renato Rocha, o outro guitarrista, já foi alvo de assalto no Rio. "Todo mundo conhece alguém que já passou por alguma situação dessas", observa Tico. "Não sei o que precisa acontecer para que as pessoas tomem uma atitude."

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