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Thiago Pethit canta as dores, versos e poemas de Patti Smith

Cantor e compositor paulistano homenageia a norte-americana em duas apresentações no Sesc Pinheiros com a participação de Leandra Leal

Por Pedro Antunes
Atualização:
Thiago Pethit faz show em homenagem a Patti Smith Foto: Gianfranco Briceño

Se pudesse voltar para qualquer lugar no espaço e no tempo, Thiago Pethit tem a resposta de pronto: viveria no Chelsea Hotel, famoso endereço de Nova York, que viveu sua decadência no fim da década de 1960. Ali, residiram Patti Smith e Robert Mapplethorpe, entre ratos, mendigos, viciados, artistas, poetas, baratas, por US$ 55 semanais. O casal dividiu o quarto de número 1.017, conhecido por ser o menor do gigantesco hotel, como descrito no livro Só Garotos, de 2010. Naquele labirinto de corredores imundos, localizado na West 23rd Street, entre a sétima e oitava avenida, Patti ainda não era uma artista da música. Era uma estranha, ainda em busca de uma identidade artística que lhe interessasse. 

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Ela, provavelmente, jamais saberá, mas, ao lançar Só Garotos e descrever o sentimento de inadequação e de busca por um sentido artístico naquela virada de década, falou diretamente com Thiago Pethit. O cantor e compositor havia lançado seu primeiro disco, Berlim, Texas, naquele mesmo ano de 2010. Foi alçado a uma cena de músicos paulistanos à qual não achava que pertencia ou não dialogava esteticamente. “Tive uma depressão pós-turnê”, conta o músico. “Ler Só Garotos, em 2011, ajudou muito a me entender. Eu era o patinho feio.” 

Voltar o papo ao início da década é inevitável para Pethit, mesmo quando quer falar do presente. “Vivo aquele momento de entender a realidade artística de novo”, explica. Hoje e amanhã, no Sesc Pinheiros, ele faz um show em homenagem a Patti Smith com uma banda formada por mulheres e a atriz Leandra Leal, no palco do Teatro Paulo Autran. 

Leandra recitará trechos de livros da artista, como Só Garotos e Linha M, poemas do início da carreira e trechos da peça de teatro Cowboy Mouth. As integrantes da banda que acompanha o show também merecem destaque. Larissa Conforto, da poderosa banda de rock Ventre, assumirá a bateria; Mônica Agena, da Moxine e do próximo disco de Paulo Miklos, tocará guitarra; Rita Oliva, do instigante projeto Papisa, ocupará o posto de tecladista; e Stéphanie Fernandes será responsável pelo baixo. O repertório invariavelmente girará em torno de Horses, disco que lançou Patti Smith no mundo da música, realizando a ponte entre a poesia dela e o rock visionário de meados dos anos 1970. 

Pethit, esteticamente, bebe diretamente dessa Nova York frequentada por Patti e Mapplethorpe. Seu segundo disco, Estrela Decadente, nasceu do encontro dele com o livro de Patti – e as fotografias da época, em preto e branco, são uma referência ao estilo de Mapplethorpe fotografar. Para o terceiro trabalho, Rock ‘n’Roll Sugar Darling, Pethit se aproximou de Joe Dallesandro, ator fetiche de Andy Warhol, contemporâneo de Patti, Mapplethorpe e toda a turma da vanguarda da época. “De repente, isso passou a se tornar parte da minha vida real.” 

THIAGO PETHIT Sesc Pinheiros. Teatro Paulo Autran. Rua Paes Leme, 195,  tel. 3095-9400. Hoje (6), às 21h. Ingressos: R$ 12/ R$ 40.