Tempero cubano do Orishas se dilui

Em seu segundo disco, Emigrante, Orishas ficam mais globalizados, mais pop e mais afinados com o rótulo de world music

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Por Agencia Estado
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Os Orishas surgiram no cenário da música internacional desafiando um rótulo que a indústria parece confortável usando: o de world music. Apesar de partir de um saboroso blend de música cubana, salsa e guajira e son e tudo o mais, o Orishas também vitaminava sua música com scratches de música eletrônica, uma guitarra pesada de rock, um ataque frontal típico da música urbana ocidental. Tudo isso deixou confusos os rotuladores de plantão e garantiu o sucesso do grupo, que botou abaixo o Free Jazz, no ano passado. Orishas, como nossos orixás, são as divindades afro-cubanas de origem ioruba, etnia nigeriana. Agora, com Emigrante (Universal Music), a música do grupo parece mais globalizada, o tempero cubano de santería e percussão está mais diluído e pop. Marca evidente da produção de Niko Noki, produtor do disco e intérprete em uma faixa (Ausencia, com trés bem tocado). Além dele, também está no disco Passi (em La Vida Passa, com lírica em francês e espanhol). Internacionalizado, o Orishas mantém o interesse, mas parece tornar-se mais world music também. A vantagem será sempre sua abordagem melodiosa do rap. Em faixas como 300 Kilos (com apoio vocal do colombiano Yuri Buenaventura), eles mostram que há musicalidade no rhythm and poetry e ela descende diretamente de sua vertente salsera. É totalmente cantada. Muitos hits irresistíveis para fazer uma platéia se acabar estão no lote, como Testimonio e, principalmente, El Rey de la Pachacha.

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