Talking Heads ensaia retorno 10 anos depois

Banda de David Byrne, desfeita em 1991, vai se reunir no palco para receber homenagem do Rock and Roll Hall of Fame. Legião de fãs já aguarda turnê

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Por Agencia Estado
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Dez anos depois do anúncio do fim da banda, o Talking Heads vai finalmente se reunir no palco. O grupo nova-iorquino, um dos mais aclamados do início dos anos 80, vai se apresentar na cerimônia de inclusão do Rock and Roll Hall of Fame, em 18 de março. David Byrne, Tina Weymouth, Chris Franz e Jerry Harrison, que não dividiam o palco desde 1984, vão interpretar duas músicas no evento, que vai ser transmitido nos Estados Unidos pelo canal de TV por assinatura VH-1. A notícia chegou com uma dose de surpresa para os fãs, já que Byrne raramente fala sobre os ex-colegas em público. Ele decretou o fim da banda sem consultar os outros músicos, em uma entrevista em 1991. Ameaçou-os com uma ação judicial, caso resolvessem usar o nome Talking Heads nos anos 90. Weymouth, Franz e Harrison gravaram um álbum sob o nome de The Heads, com participação de diversos cantores convidados, por conta do problema, que foi resolvido fora dos tribunais. "Ainda não decidimos quais músicas apresentar, mas estaremos os quatro lá, incluindo, é claro, David", disse Weymouth a um dos web sites de fãs da banda (no endereço www.talking-heads.net). Também serão homenageados pelo Hall of Fame os Ramones, Tom Petty e Isaac Hayes. Legado invejável - Formado em 1975 na escola de design do estado de Rhode Island, o então trio (Harrison entrou depois) estreou com um show do clube CBGB´s, considerado o berço do punk, no East Village nova-iorquino. Impulsionados pelas performáticas apresentações ao vivo, eles foram contratados pela gravadora Sire e lançaram o aclamado disco de estréia 77, com a música "Psycho Killer". A banda deu continuidade a novas experimentações sonoras com o segundo álbum, More Songs About Buildings and Food, produzido por Brian Eno. Ele também poliu a sonoridade dos discos Fear of Music, em que eles exploraram influências africanas, e Remain in Light, com o hit Once in a Lifetime. Enquanto os membros da banda dedicavam-se a projetos solos (Weymouth e Franz formaram em 1981 o Tom Tom Club, que ainda está em atividade), foi lançado o álbum duplo ao vivo The Name of This Band Is Talking Heads, que virou item de colecionador. Seguiram-se os discos Speaking in Tongues, o clássico Stop Making Sense e os dois mais bem sucedidos (e muito mais pop) trabalhos do grupo: Little Creatures e True Stories - este servia de trilha sonora para o primeiro filme dirigido por Byrne, Histórias Reais. Em 1987, foi a vez do lançamento do último trabalho da banda, Naked, que marcou o início da paixão de Byrne pelos ritmos latinos e africanos. O cantor continuou com uma carreira solo irregular, investindo no selo fonográfico Luaka Bop (responsável pelo sucesso de Tom Zé nos Estados Unidos), enquanto Weymouth e Franz produziram álbuns de vários artistas (incluindo o Angelfish, de Shirley Manson) e fizeram várias turnês com o Tom Tom Club. Coletâneas, tributos e o relançamento de Stop Making Sense, em 1999, tentaram fazer justiça à carreira do Talking Heads mas a aparição no Rock and Roll Hall of Fame é a mais séria homenagem ao grupo que é considerado um dos mais influentes dos anos 80 nos Estados Unidos. Além de ter deixado um invejável legado musical, a banda ainda tem uma impressionante coleção de videoclipes (alguns adquiridos pelo acervo do Museum of Modern Art de Nova York) e produções fotográficas. Resta torcer que o evento inspire pelo menos uma turnê de reunião ainda este ano.

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