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Surfer Blood se reconstrói após a saída e a morte de integrantes com novo disco

“Foram tempos difíceis”, diz o vocalista John Paul Pitts, ao se lembrar do início da gravação de Snowdonia, um álbum que invariavelmente reflete aquele nascimento a sós

Por Pedro Antunes
Atualização:

Quando colocou a guitarra no colo e passou a bater nas cordas com a palheta em busca de alguma melodia que poderia se tornar uma música do Surfer Blood no futuro, o vocalista e guitarrista John Paul Pitts entendeu como estava solitário. “Foram tempos difíceis”, diz ele, ao se lembrar do início da gravação de Snowdonia, um álbum que invariavelmente reflete aquele nascimento a sós. 

Surfer Blood Foto: Heidi Vaugh Greenwood

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O quarto álbum da banda, que já foi tratada como a sensação do novo surf rock ressurgido no resgate da guitarra suja no início dos anos 2000, reflete a sua capa: a ponta de um iceberg, o frio é quase penetrante. É, também, o estado de espírito de Pitts em fazer a banda seguir em curso, quando o melhor parece ser o contrário. Criado em 2009, o Surfer Blood já não é mais o mesmo. Da formação original, restam Pitts e o baterista Tyler Schwarz. Em 2015, o baixista Kevin Williams decidiu deixar a banda (e desistir da música). Em maio do ano passado, o baixista Thomas Fekete morreu, aos 28 anos, após uma luta longa contra um câncer diagnosticado pela primeira vez quando tinha 17 anos. 

“Era a primeira vez que compunha uma música sozinho em anos”, lembra Pitts. Sem Kevin por perto para debater as ideias, o músico precisou se “trancar dentro da própria cabeça e tentar encontrar as respostas por conta própria”. Por três semanas, Pitts se enfurnou em um sótão na casa da namorada, que na época estudava em Los Angeles, para escrever as novas canções. “Fiz, naquele tempo, uns 20 pedaços de música”, ele lembra. “É interessante o processo de ter essas ideias, em vez das músicas completas. Eu fui juntando, criando texturas, até chegar às oito finais.” 

Isso, diz ele, abriu possibilidades para ter canções como a faixa-título, com sete minutos de duração, e pelo menos três trechos distintos, conectados pelas guitarras em repetição. Com a adição na banda de Lindsey Mills (baixo e voz) e Mike Mcleary (voz), Pitts pode experimentar mais backing vocals, algo que ainda era inédito para o Surfer Blood – na música Snowdonia, por exemplo, os vocais de Lindsey amenizam a melancolia inerente na voz de Pitt. 

Os tempos gelados, diz o vocalista, ficaram para trás e o Surfer Blood está em constante mutação. A própria escolha da geleira na capa do disco, por fim, é uma mensagem positiva. “Sonhei certa vez com uma mulher que era um Caminhante Branco, de Game of Thrones”, diz ele, citando os zumbis de gelo que aterrorizam a série da HBO. “E ela estava indo em direção a outro lugar, mas foi muito legal comigo e, no fim, disse: ‘vai ficar tudo bem. Acordei e comecei a compor.” 

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