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Steve Jobs põe a internet para tocar

Depois de inventar e reinventar o micro, o todo-poderoso da Apple está conseguindo fazer mais uma revolução: tornar o download de música um negócio bom para quem compra e também para quem vende

Por Agencia Estado
Atualização:

Ele criou o primeiro computador pessoal (o Apple I, em 1976), lançou o primeiro micro com ambiente gráfico, operado por meio de mouse (Macintosh), e anos mais tarde revolucionou o design de computadores com a linha iMac. Hoje, Steve Jobs, o controverso executivo-chefe da Apple, volta à carga com mais um empreendimento polêmico: a loja de músicas iTunes (www.apple.com/itunes), lançada no final de abril, que só nas duas primeiras semanas de operação vendeu mais de 2 milhões de faixas por download. A novidade deixou a concorrência perplexa. Acostumados a jogar toda a culpa por suas baixas vendas na "concorrência desleal do MP3", os sites de música paga encontraram no iTunes um modelo que expõe seus erros - e torna claro que, para o consumidor, a rejeição ao download pago não é apenas por preço. "Quatro fatores associados explicam o sucesso do iTunes: preço baixo, quantidade de títulos oferecidos, comercialização não atrelada a uma assinatura e flexibilidade de uso dos arquivos copiados", comenta Alexandre Agra, executivo-chefe do site brasileiro de música paga iMusica. Ao entrar em operação, o iTunes já oferecia 200 mil faixas de cinco das cinco maiores gravadoras americanas (EMI, Universal, BMG, Sony e Warner). Cada música custa US$ 0,99 e podem-se comprar as faixas individualmente. O sistema não proíbe ou limita a cópia de arquivo para CDs musicais de uso pessoal, nem tampouco restringe a instalação em aparelhos de MP3 portáteis, como o iPod. Além disso, os arquivos digitais do iTunes podem ser rodados em até três computadores simultaneamente, quando em rede, e usados livremente em trilhas sonoras de álbuns fotográficos, vídeos e DVDs caseiros feitos com os programas da Apple iPhoto, iMovie e iDVD. Nada adepto à diplomacia, Steve Jobs chega a comentar que seus concorrentes tratam o consumidor "como se fosse um criminoso", tamanhas as restrições impostas para o uso dos arquivos. Os sites Pressplay, MusicNet e Listen.com bloqueiam a transferência de suas músicas para tocadores de MP3 portáteis; impedem a instalação de uma mesma faixa em mais de um computador; e criam "prazos de validade" para os arquivos. "É do instinto humano querer ter posse da música. As pessoas não querem alugar as faixas", comenta Agra, cujo site (www.imusica.com.br) sempre vendeu os arquivos ao consumidor. "Em alguns sites, a música pára de tocar se o usuário não pagar a mensalidade." O iTunes funciona, atualmente, apenas em computadores Macintosh e em iPods. Não existe versão do tocador de AAC (formato de áudio do iTunes) para Windows, mas a Apple promete lançar o programa no início de 2004. Nenhum dos grandes sites americanos permite a compra de faixas por brasileiros. "É uma restrição criada para a sobrevivência do setor", diz Agra. "Os sites têm zonas de atuação para evitar que moedas e preços diferentes em cada país levem à canibalização do mercado."

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