Sinfônicas buscam iniciativa privada

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Por Agencia Estado
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Os gastos da Sinfônica de Campinas com pagamentos de pessoal chegam a R$ 4 milhões por ano. O diretor-executivo da Sinfônica, Henrique Lian, não sabe precisar o salário médio dos músicos, uma vez que há grandes variações de acordo com posição e tempo de serviço, mas afirma que os salários "são, em média, baixos para o nível de profissionais de orquestra que desejamos, mas relativamente bons para o mercado brasileiro". A orquestra tem 60 músicos em atividade. Vinte estão afastados por licença médica e sem vencimentos. "Lembremos que eles são funcionários públicos estatutários", diz Lian. Isso, no entanto, faz com que sejam aumentados os gastos com contratação de suplentes. Apesar dos problemas, a estrutura básica vem garantindo a melhoria do nível de trabalho da Sinfônica de Campinas. O aumento do orçamento de R$ 7 mil (em 2000) para R$ 200 mil (em 2001) possibilitou a formação de uma temporada fixa com 24 concertos e uma série de assinaturas. Segundo Lian, antes, cada concerto dependia da liberação de verba mediante autorização específica da Secretaria da Cultura, o que não dava dinâmica à atividade. Mas, segundo Her Agapito, presidente da associação de músicos da orquestra, é importante observar que o grupo se encontra em fase de transição. "É preciso ter em mente, entre outras coisas, que é hora de criar um modo de trabalho mais moderno após a derrubada de um sistema antigo e inapropriado, com um estatuto interno melhor definido, que dê mais estabilidade e segurança no que diz respeito às questões administrativas e artísticas. Tudo isso para que a orquestra não fique à mercê de situações como mudanças políticas." Segundo Agapito, uma das principais reivindicações dos músicos é a descentralização do poder de decisão. Segundo Lian, um dos caminhos que as orquestras devem seguir no futuro é a busca, cada vez maior, de parcerias com a iniciativa privada, como a Orquestra Paulo pretende fazer. "Elas podem contribuir para dotar o organismo de condições melhores, que não são possíveis somente com a subvenção do Estado, diante de suas inúmeras obrigações." João Baptista Torres, gerente de Programação da Rádio Cultura e da Sinfonia Cultura, orquestra ligada à Fundação Padre Anchieta, também concorda com essa atitude. "O acordo com a iniciativa privada pode servir para que não precisemos ficar centrados apenas em nossos próprios umbigos, dependendo apenas do orçamento para pagar salários." Atualmente, o salário médio dos músicos da Sinfonia Cultura, contratados da Fundação Padre Anchieta, é de R$ 2.100,00. Esse dinheiro sai do orçamento de R$ 3,5 milhões, do qual também sai a verba para a locação artística. Comprometimento - Torres afirma, porém, que o comprometimento com o caráter público das orquestras é essencial. "É importante criar uma estrutura própria, mas sempre levando em consideração que a orquestra tem responsabilidades para com a fundação, como as transmissões pela rádio e o repertório dos concertos." Para o ano que vem, a orquestra pode ganhar um programa de TV a ser exibido na "Rede Cultura", mas, segundo Torres, a idéia ainda está em fase de acertos. Henrique Lian também ressalta a importância de cautela na hora de se associar à iniciativa privada. "Uma orquestra não pode ficar à mercê de mudanças políticas ou do mercado, dependendo da vontade e disponibilidade de investimentos dos entes privados, que quase sempre privilegiam ações de curto prazo e fácil retorno." Para Cláudia Toni, diretora-executiva da Osesp, recursos privados em parcerias com hotéis e empresas de aviação, por exemplo, são importantes e podem se tornar boa estratégia para a vida das orquestras. "Porém, é preciso que o setor privado se conscientize da importância real de ajudar a manter patrimônios como a Osesp", diz.

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