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Sinfônica da Rádio de Viena faz 1º turnê no Brasil

Sob regência do austríaco Ralf Weikert, orquestra pioneira na interpretação da música do século 20 se apresenta sábado, segunda e terça-feira, em São Paulo, e parte ao Rio e a Salvador

Por Agencia Estado
Atualização:

Um dos grupos europeus pioneiros na interpretação de música do século 20 e na estréia de peças de novos compositores, a Orquestra Sinfônica da Rádio de Viena (Radio Symphonieorchester Wien), dirigida pelo experiente maestro austríaco Ralf Weikert, inicia neste sábado sua primeira turnê pelo Brasil, com um concerto gratuito no Parque do Ibirapuera. Com apresentações marcadas também no Teatro Municipal (segunda e terça-feira), o grupo segue depois para o Rio e Salvador, mostrando um repertório bastante tradicional, composto por peças de compositores como Haydn, Beethoven, Schubert, Brahms, Strauss e Mendelssohn. No sábado, a orquestra abre o concerto com a Abertura Leonore n.º 3, de Beethoven. Em seguida interpreta o Segundo Movimento da Sinfonia Militar, de Haydn, a que se segue o Primeiro Movimento do Concerto em Mi Menor Op. 64 para Violino e Orquestra, de Mendelssohn, com solo de Lidia Baich. Na segunda parte, toca o Quarto Movimento da Sinfonia n.º 3, de Schubert, e os dois últimos movimentos da Sinfonia n.º 8, de Dvorák. Encerra o concerto a Valsa do Imperador, de Strauss. O programa de sábado é uma espécie de síntese das peças que vão estar presentes nas demais apresentações da orquestra em São Paulo. Na terça, Weikert conduz o grupo na interpretação, na íntegra, da Sinfonia Militar, de Haydn, do Concerto para Violino e Orquestra, de Mendelssohn, da Sinfonia n.º 3, de Schubert, além de Variações sobre um Tema de Haydn, de Brahms. Na terça, além do concerto de Mendelssohn, estão no programa a Abertura Leonore n.º 3, de Beethoven, a Valsa do Imperador, de Strauss, e a Sinfonia n.º 8, de Dvorák. A escolha do repertório, segundo o maestro Weikert, foi feita levando-se em conta a procura do público por ingressos. "Fiquei chateado pois tínhamos a intenção de ir ao Brasil com algumas peças contemporâneas de compositores vienenses, mas fomos informados pelo Mozarteum de que o público receberia melhor peças do repertório tradicional", disse Weikert, em entrevista , durante um breve intervalo dos ensaios da orquestra em Viena. Essa tendência, no entanto, não é privilégio brasileiro. Segundo o maestro, em outros locais do mundo nem sempre é bem recebida a tentativa de inovar no repertório. "No Japão, por exemplo, o público responde muito bem a concertos tradicionais, no entanto, nem todos conseguem apreender o significado das composições contemporâneas", afirma. A razão, segundo ele, está relacionada ao dodecafonismo introduzido por Schoenberg. "Desde este momento, para algumas pessoas, ficou difícil compreender as composições, muitas vezes por demais intelectuais, o que acabou afastando o público da arte", diz, lembrando que, em toda a história da música, o trabalho dos compositores era acompanhado de perto pelo público. Resgate - Para Weikert, um dos destaques do programa é a presença de peças de Haydn. "Beethoven não teria obtido tamanho sucesso sem Haydn: sua técnica de composição veio dele e há algo espiritual que une as obras dos dois." No entanto, isso não impediu que grande parte do trabalho do compositor ficasse fora das salas de concerto (no Brasil, tal falha tem sido corrigida pela Osesp que, este ano, interpretou As Estações, uma das mais célebres obras do compositor). "Tecnicamente, Haydn é bastante complicado, mais até do que Mozart, e é necessário muito trabalho para fazer com que a música soe dramática sem, no entanto, parecer incompreensível", coloca o maestro. E completa: "Em muitos aspectos, Haydn é a chave para se compreender grande parte do repertório clássico." Sozinho - Regente que tem em seu currículo postos como o de diretor da Ópera de Zurique - de 1983 a 1992 - além de ter regido algumas das principais orquestras e atuado em casas de óperas de grande prestígio, Weikert aponta diferenças entre o trabalho em ópera e em concertos. "Em ópera, estamos sempre dependendo de alguém, seja do diretor de cena, do cenógrafo, do iluminador, do cantor... Já em concerto, o regente está sozinho e pode-se dedicar 100% à música." Entretanto, o maestro faz questão de ressaltar que isso não diminui sua paixão pelo gênero operístico. "Eu preciso do teatro e, muitas vezes, em concertos, acho importante ter em mente aspectos dramáticos como, por exemplo, em Mozart." Radio Symphonieorchester Wien - Sábado, às 15 horas. Grátis. Parque do Ibirapuera - Praça da Paz. Avenida Pedro Álvares Cabral, s/nº, tel. 574-5177. Dias 4 e 5, às 21 horas. De R$ 40,00 a R$ 140,00. Teatro Municipal. Praça Ramos de Azevedo, s/n.º, tel. 222-8698.

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