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Sinfônica Brasileira sofre em busca de apoio

Mais tradicional orquestra do País vive dias tensos. Com dificuldades para conseguir apoio, há quatro meses não paga os músicos, que já ensaiam uma paralisação

Por Agencia Estado
Atualização:

A Sinfônica Brasileira, a mais tradicional orquestra do País, vive um momento tumultuado. Sem receber há quatro meses, os músicos decidiram no início da semana paralisar suas atividades, não realizando concerto previsto para amanhã. Na manhã de hoje, no entanto, decidiram dar um voto de confiança à direção da orquestra, de quem esperam uma posição oficial, suspendendo a paralisação até o dia 18. O concerto previsto para amanhã será apresentado no dia 24. A paralisação chamou atenção para o fato de a orquestra, fundação de caráter privado, estar enfrentando dificuldades em conseguir apoio para suas atividades. A decisão de interromper a agenda de concertos foi tomada em uma assembléia realizada na manhã de terça-feira, na Sala Cecília Meireles, espaço de concertos que, na ausência de uma sede própria, serve de local de ensaios para a OSB. Por 33 votos a 30, os músicos optaram por paralisar as atividades para discutir alternativas ao atual sistema administrativo da orquestra. Além do pagamento dos salários atrasados, os artistas pedem a reformulação do estatuto da orquestra, dando à Comissão de Músicos poder de decisão dentro da estrutura administrativa do grupo. Atualmente, o órgão - formado pelos instrumentistas da orquestra - é apenas consultivo. A troca da direção da orquestra, a necessidade de uma sala de ensaios e a possibilidade de uma paralisação mais longa estavam entre os temas a serem discutidos. Na quarta-feira pela manhã os músicos voltaram a se reunir. Segundo o trompista Antônio Augusto, escolhido nessa reunião o porta-voz do grupo, a preocupação dos músicos não possui caráter ideológico, mas sim prático. "Estamos vivendo uma situação dramática, não há mais como, no dia a dia, viver sem receber os salários. Muitos não têm como pagar a condução para ir aos ensaios", disse ele na quarta à reportagem. Augusto ressaltou, no entanto, que longe de ser unânime, a opção pela paralisação ainda não havia sido oficializada. "Precisamos ter consciência clara das conseqüências da paralisação. Já há alguns patrocínios firmados até o fim do ano, temos uma responsabilidade com esses investidores." Dessa forma, ainda na quarta foi decidido que os músicos voltariam a se reunir hoje para rediscutir a interrupção da agenda de concertos. Enquanto isso, o presidente do Conselho Curador da OSB, Roberto Paulo Sérgio de Andrade, manifestou-se por meio de uma nota oficial distribuída à imprensa. Nela, Andrade afirmava que "entende e respeita a decisão dos músicos e negocia uma forma de a programação artística não ser prejudicada". A nota informava também que o Conselho Curador da Fundação vai se reunir no início da semana que vem, "quando tomará conhecimento dos pormenores da situação financeira e envidará seus melhores esforços para, juntamente com o presidente, o diretor artístico e a administração, regularizar o mais breve a situação salarial dos músicos". Por fim, diz o comunicado de Andrade: "Além de programas já patrocinados e cujos recursos devem ser recebidos muito em breve, as negociações de uma parceria duradoura com a Prefeitura estão em andamento e ao se concretizarem de forma definitiva assegurarão excelentes perspectivas para o futuro próximo." Segundo a Assessoria de Imprensa, o diretor artístico da orquestra, Yeruham Scharovsky, atualmente em viagem pelo exterior, só vai se pronunciar quando voltar ao Brasil. A decisão de adiar a paralisação foi comunicada na manhã de hoje, após a terceira reunião dos músicos esta semana. Eles optaram por esperar uma posição do presidente da fundação até o dia 18 e voltam ao trabalho no início da semana que vem, quando começam os ensaios para um concerto a ser realizado no dia 16. Patrocínio - Desde 1969, a OSB funciona como uma fundação de caráter privado. Costumava receber uma verba mensal do governo federal, mas o repasse foi interrompido no início da década de 90, durante o governo Collor. Desde então, por ser, segundo a nota distribuída por Andrade, "uma entidade sem fins lucrativos que não possui renda própria", a OSB depende de patrocínios, parcerias e donativos para sobreviver. "Temos alguns parceiros muito importantes, mas as verbas investidas por eles não são suficientes para manter o funcionamento da orquestra", diz Antônio Augusto, para quem o incremento da parceria com a Prefeitura - que já investe em uma série de concertos em escolas - é fundamental. "Mas estamos atrás de novos parceiros interessados em investir em nossos projetos."

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