FORTALEZA - O velório do cantor e compositor Belchior, iniciado às 15h de segunda-feira, 1º, no Centro Cultura Dragão do Mar, chegou ao fim às 7h20 do dia seguinte. Ao todo, até 6h desta terça, foram7.411 pessoas a visitá-lo no Centro Cultural localizado na área central de Fortaleza. Carregado por seis homens em uniformes militares, o corpo de Belchior foi transportado até o anfiteatro também dentro do espaço dedicado à cultura criado em 2002. Foi em silêncio, ao som apenas do arrastar de pés. No palco, cinco músicos (um violonista, um violinista, um tecladista e duas cantoras) recebiam Belchior. No centro, logo atrás de Belchior, o frei Ricardo Regis aguardava o início da cerimônia. Ao todo, 28 amigos e familiares sentaram ao lado do caixão de Belchior durante a cerimônia iniciada às 7h30. Em cada extremidade do palco, duas moças mantinham em mãos caixinhas de lenços para os mais chorosos. Nos intervalos das falas do frei a realizar a missa ou dos hinos religiosos, ouvia-se soluços e narizes congestionados pelo choro. Com capacidade para 200 pessoas, o anfiteatro recebeu pouco mais de uma centena em suas fileiras. Não houve música de Belchior. Não houve cantoria, como aconteceu na noite anterior, durante o velório. Na quietude, era possível ouvir os ônibus a transitar na Avenida Pessoa Ana, ao lado do anfiteatro. Alheio ao tumulto ao redor, um gato de cor branco encardido brincava e rolava no chão no lado esquerdo do palco. Talvez, se soubesse que assim seria sua despedida, Belchior estranhasse a pompa em sua despedida. Acharia esquisito o silêncio sepulcral. Riria sacana, contudo, se soubesse que os sobrenomes inventados por ele, Fontenelle Fernandes, foram anunciados como verdadeiros no início da cerimônia. Depois da missa, às 9h, o corpo de Belchior será encaminhado para o Cemitério Parque da Paz, em um cortejo em carro de bombeiros, pelas ruas de Fortaleza. O cantor e compositor será enterrado no mesmo túmulo que seus pais.