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Shows comemoram Dia do Choro

Prefeitura do Rio patrocina apresentações e engrossa a programação da data, instituída há cinco anos no aniversário de Pixinguinha

Por Agencia Estado
Atualização:

Desde o centenário de Pixinguinha, em 1997, a data de seu aniversário, 23 de abril, foi oficializada como o Dia Nacional do Choro. Este ano, a prefeitura do Rio entrou na festa e patrocina shows em três teatros. O Água de Moringa toca às 17 horas na Sala Baden Powell, em Copacabana, na zona sul; o Sarau vai para o Teatro Ziembinski, na Tijuca, zona norte; e a noite acaba com uma grande roda de choro, no Teatro Carlos Gomes, no centro, com César Faria, Paulo Sérgio Santos, Henrique e Beto Cazes, Maionese da Flauta, Luiz Filipe Lima e os instrumentistas que quiserem dar canja. O ingresso será de R$ 1 em todos os lugares. Correndo por fora, Paulo Moura e o grupo Os Batutas se apresentam no Sesc Copacabana. A idéia é de Henrique Cazes, um dos chorões que vinham comemorando a data informalmente há alguns anos, desde quando o choro voltou à moda e o carioca passou a lotar todos os bares, teatros ou mesmo praças onde se ouve o gênero. "É difícil precisar quantas pessoas tocam choro hoje no Rio. Há dezenas de grupos e, quando se vai a uma roda, sempre aparece alguém novo querendo tocar e mostrando competência", diz Cazes, com a autoridade de quem gravou 20 discos e escreveu o livro Choro: Do Quintal ao Municipal, contando sua história. "É um panorama completamente diferente de 20 anos atrás, quando as rodas tinham as mesmas pessoas, tocando as mesmas músicas." A vitalidade do gênero que nasceu nos quintais suburbanos do Rio há 150 anos ainda não comoveu as grandes gravadoras, que ignoram o potencial desse público, mas garante a continuidade de carreiras como a de César Faria, pai de Paulinho da Viola, considerado o decano dos chorões, aos 82 anos, por ter começado na Rádio Nacional, tocado com Jacó do Bandolin e estar em atividade até hoje. "Tem o Dino, que é mais velho, mas não gosta de rodas de choro, prefere shows. O César toca cinco ou seis horas seguidas, com quem aparece, e sabe todas as músicas", elogia Cazes. "Mas há também adolescentes, como o Tiago Prata, que aos 14 anos já tem seu grupo e começa se apresentar profissionalmente." Para Cazes, a popularidade corresponde a uma mudança de atitude dos chorões. Se antigamente não se permitia conversa ou dança nas rodas e os arranjos tinham de seguir o modelo tradicional, hoje o choro ganhou instrumentos eletrificados e foi para os bares, onde serve de fundo para todo tipo de confraternização. "Não existe mais aquela história de entrar em estado de contrição para ouvir a música, como acontecia na casa de Jacob do Bandolin", diz Cazes, que gravou um disco adequando a música barroca de Bach ao gênero e está prestes a lançar outro em que faz o mesmo com os hits dos Beatles. "As novidades são bem-vindas porque toda música pode virar choro, desde que tenha melodia e harmonia." A roda de samba do Carlos Gomes é uma prova dessa tese de Cazes. Mas é também uma forma de reunir os chorões com seu público. "Como as gravadoras não lançam choro, esses eventos dão chance ao músico de se encontrar com o público e vender seus discos", diz. "As rodas de choro atraem muita gente, músicos e ouvintes, porque não há competição, todos têm espaço para improvisar e mostrar virtuosismo. E quem gosta de choro é apaixonado e freqüenta os lugares onde pode ouvi-lo e compra todo disco do gênero que encontra."

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