Show de Milton e Caetano chega a SP

Caetano Veloso e Milton Nascimento celebram parceria na trilha do filme O Coronel e o Lobisomem, com show na Via Funchal

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Por Agencia Estado
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Milton Nascimento e Caetano Veloso chegam a SP com seu show inspirado em trilhas sonoras. Unidos pela paixão pela música, cinema e pela trilha sonora do filme O Coronel e o Lobisomem, Caetano Veloso e Milton Nascimento se apresentam pela primeira vez, só os dois juntos no palco, numa temporada na Via Funchal, de hoje a sábado e no próximo final de semana. No repertório, as três canções feitas para O Coronel e O Lobisomem, "que nos remeteram a três canções que fizemos juntos para outros filmes, que eu compus para filmes, que Milton compôs para filmes e as canções que marcaram nossa vida", detalha Caetano. Em entrevista ao Grupo Estado, ele e Milton falaram de sua relação com o cinema e de política. Como surgiu a parceria para a trilha de O Coronel e o Lobisomem? E do show? Caetano - A própria produção do filme chamou o Milton. A Paulinha Lavigne, minha ex-mulher, é a produtora, me pediu para fazer uma ponte entre ele, o diretor do filme, o produtor musical. Fui fazer essa ponte e saíram três letras. Quando vimos que fizemos três canções novas, veio a idéia do show. Como estamos falando em sétima arte, qual trilha feita para o cinema, em todos os tempos, que vocês consideram mais bem-feita? Caetano - Há algumas geniais. Porto das Caixas, de Tom Jobim, Rocco e Seus Irmãos, de Nino Rota. A de Um Corpo Que Cai, de Bernard Herman, é incrível. Milton - Eu via as mesmas coisas que o Caetano. Se bem que ele ganha de mim, porque lá na cidade dele havia dois cinemas e na minha, só tinha um (risos). Rocco e Seus Irmãos foi um dos filmes que mais me deixaram maluco dentro do cinema. Eu morava no centro de Belo Horizonte e esse filme estava passando num bairro. Fui assistir sozinho. Depois, voltei a pé, porque não quis entrar no ônibus chorando daquele jeito. Andei muito, mas não me arrependi não (risos). Das trilhas que vocês compuseram para o cinema, quais mais gostaram de fazer? Caetano - A que eu fiz para o filme Tieta. Achei muito bem escrita e depois vi algumas imagens que o Cacá Diegues me mandava à medida que ia filmando e mandando de avião para Salvador, em VHS. Já conhecia o livro, o roteiro e comecei a compor aquelas músicas. Milton - A primeira trilha que fiz foi para Os Deuses e os Mortos, nos anos 70. Fiquei à vontade para fazê-la. Como costuma ser o processo de composição para o cinema? Caetano - O Milton falou que em Os Deuses e os Mortos acompanhou desde o início e eu, em Tieta, vi o roteiro e os copiões, mas não é sempre assim. Na maioria das vezes, você faz em cima do filme praticamente pronto. Milton - A única vez que fiz a trilha desde o começo foi de Os Deuses e os Mortos, passando fome dentro do apartamento do Ruy (Guerra, diretor) (risos). Ele me deu roteiro na casa dele, saiu e me trancou. Na hora, fiquei desesperado, pensei: "Será que ele acha que vou fugir com o roteiro." Fiquei lá o dia inteiro. No show de estréia no Rio, houve uma crítica falando que, a dado momento, Milton cantou "Coração de Estudante" e "E Daí" e que vocês não mencionaram nada sobre a cena política de hoje... Caetano - Acho meio tolo isso. Quando Milton entra e canta Coração de Estudante daquela maneira e alguns minutos depois canta E Daí, daquela maneira, está tudo mais do que dito. Por exemplo, Chico Buarque, que estava na primeira fila no terceiro dia, a cara dele é de quem estava entendendo profundamente o que estava se passando. Qual a posição de vocês diante desse quadro político? Caetano - O que ocorre é uma crise múltipla. A gente não vai arriscar fazer toda uma análise de um negócio tão complexo. Eu apareci há poucos dias na TV apoiando candidatura para a Presidência da República de Roberto Mangabeira (PDT). E há muitos anos, antes do Lula se eleger, eu já dizia que o pessoal do PSDB e do PT era tudo a mesma coisa, porque era uma contribuição da esquerda da USP, com grande importância histórica, mas que a gente precisava se livrar deles. Depois apoiei Ciro Gomes, porque gostei da conversa do Mangabeira, e continuo gostando e dizendo a mesma coisa. Por isso, não estou assustado como quem viu um bicho de sete cabeças. O bicho tem 7 mil cabeças, mas acho que o Brasil vai para frente. Milton e Caetano. Via Funchal (3.076 lug.). R. Funchal, 65, V. Olímpia, tels. 3038-6698 e 3089-6999 . Hoje, 6.ª (30/9 e 7/10), sáb. (1.º e 8/10) e dom. (9/10), 21h30. R$ 50 a R$ 150.

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