Sesc mostra talentos musicais de atores e dramaturgos

Série de shows na unidade Consolação 'Profissão Ator, Cantor por opção' começa amanhã

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Por Pedro Antunes - Jornal da Tarde
Atualização:

SÃO PAULO - O teatro e as câmeras pavimentavam um caminho profissional quase inconsciente pelo qual André Frateschi nunca teve medo de caminhar. Filho dos atores Denise del Vecchio e Celso Frateschi, ele acostumou-se a viver nas coxias, noite após noite, num ambiente adulto, mas, garante ele, incrivelmente acolhedor. Ao mesmo tempo em que sua vida seguia o rumo da atuação, no teatro, cinema e televisão, outra semente, a musical, plantada aos10 anos de idade, brotava aos poucos.

 

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“O teatro e da televisão vieram mais naturalmente para mim. Mas a música também surgiu. Aí, fui fazendo as duas coisas ao mesmo tempo”, diz o ator e cantor, de 36 anos. Ele está no ar de segunda a sexta-feira, como Arthur, na novela das 6 A Vida da Gente. Mas, na agitada noite paulistana, ele se apresenta no projeto Heroes, interpretando canções de David Bowie; com Cida Moreira, cantando Tom Waits; e ao lado da mulher Miranda Kassin, toca as músicas do disco Hits do Underground e presta homenagem aos mestres do soul. No fim do ano passado, ele estreou mais uma figura a ser encarnada no palco, o vocalista Thom Yorke e seu Radiohead, no projeto chamado Radiolarians.

 

A série de shows Profissão Ator, Cantor Por Opção, organizada pelo Sesc Consolação e que estreia amanhã, procura explorar esse universo tão conhecido por Frateschi - e por outros atores, diretores e dramaturgos que buscam nos palcos, e na música, uma nova forma de expressão artística.

 

“São coisas que se complementam”, diz Frateschi. O ator e cantor conta que, a cada novo personagem, seja para a telinha ou para o cinema, ele cria um CD com uma espécie de trilha sonora que condiga com as características de seu papel. “A música consegue me fazer entender e entrar no mundo do personagem. Ao mesmo tempo, a disciplina dos ensaios, eu levo para os shows e ensaios.”

 

 

A linha entre as artes é tênue. E é cruzada com frequência quase incontável. Atores hollywoodianos como Keanu Reeves, Bruce Willis e Johnny Depp já mostraram seus dotes musicais - alguns de gosto duvidoso, é bem verdade. Hugh Laurie, que dá vida ao sarcástico e roqueiro Doutor House, do seriado homônimo, por exemplo, lançou, em 2011, um CD de blues.

 

O ator e dramaturgo Dionísio Neto, também participante da série do Sesc com a sua banda Krepax, concorda que há semelhanças inevitáveis entre as duas artes. “Eu não tenho formação musical, sou ator e dramaturgo. O rock também é super teatral.”

 

O rock é também um grito de liberdade difícil de se igualar. A atriz Fernanda D’Umbra e o dramaturgo Mário Bortolotto, quando colocaram um fim em seu relacionamento, em 2007, criaram suas bandas: Fábrica de Animais e Saco de Ratos. “Eu acordei e toda a minha rotina tinha mudado”, diz Fernanda. “Resolvi fazer algo que sempre quis, que era rock’n’roll!” Bortolotto concorda: “O rock sempre foi mais livre. Trabalhar com teatro é sempre mais cansativo. E uma coisa puxa a outra, não tem jeito. Não existe essa ideia de separar isso”. São, sim, duas formas de arte que podem caminhar juntas e seguir em uma mesma direção.

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