Sesc celebra os 100 anos de Clementina de Jesus

Em São Paulo, o Sesc Ipiranga abre programação em homenagemn à cantora que morreu em 1987, com shows, mostras de fotos e caricaturas e lançamento de livro

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Por Agencia Estado
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Mãe Quelé, Rainha Ginga, Rainha Quelé. Todas elas são Clementina de Jesus, voz marcante da música brasileira e personificação da negritude na cultura brasileira. Entre os vários eventos para lembrar os 100 anos da cantora que morreu em 1987, o Sesc Ipiranga oferece uma programação que inclui lançamento de livro biográfico, shows e mostras de fotos e caricaturas criadas por Ziraldo, Henfil, entre outros. A abertura das exposições ocorre amanhã, na Área de Convivência do Sesc, e, paralelamente a elas, será realizada uma noite de autógrafos do livro Rainha Quelé, organizado pelo pesquisador Heron Coelho. A obra reúne texto biográfico escrito pela jornalista Lena Frias e as memórias de Clementina, resgatadas por Hermínio Bello de Carvalho, que a descobriu na década de 60. Traz ainda leitura sociológica sobre a presença do negro na sociedade, a partir da figura de Clementina, feita pelo compositor e pesquisador de cultura afro-brasileira Nei Lopes, além da discografia descrita por Paulo César de Andrade. "Eu e Hermínio resolvemos fazer um livro sobre Clementina, pois esbarramos na falta de informações sobre ela, o mesmo que ocorre com outros artistas", explica Heron Coelho. Uma das incógnitas sobre sua vida recai sobre a real data de nascimento: ela dizia que fora em 1902, mas há registros de 1901. Outra hipótese é que tenha sido em 1907. O primeiro lançamento do livro Rainha Quelé foi realizado no final do ano passado, na cidade de Valença, interior do Rio, onde a cantora nasceu. Em São Paulo, o projeto mantém o mesmo caráter cultural, sem fins comerciais. Mil exemplares do livro serão distribuídos, gratuitamente, entre as pessoas que forem assistir à apresentação musical. "É invendável", ressalta Coelho. Os shows acontecem amanhã, sexta e sábado, às 21 horas, no Teatro do Sesc Ipiranga, com a presença das cantoras Marilia Medalha, Fabiana Cozza e Dona Inah. Elas prestam tributo à saudosa sambista, com repertório que valoriza sua trajetória musical, de forma cronológica e em blocos temáticos. As três cantarão inicialmente sozinhas e, no final do espetáculo, estarão juntas no palco. "Eu conheci Clementina na época dos festivais da TV", recorda Marilia Medalha. Há tempos Marilia estava afastada dos palco. Esta é uma oportunidade rara de revê-la em ação, interpretando músicas da fase que ela denomina de "o alvorecer de Clementina de Jesus", fortemente marcada pelas raízes africanas: Cangoma Me Chamou, Benguelê, Pica Pau/Carreiro Bebe, Bate Canela, entre outras. Marilia Medalha é autora da composição Ponteio, escrita em parceria com Capinam, com a qual conquistaram o primeiro lugar no Festival da TV Record, em 1967. Na década de 70, excursionou com Toquinho e Vinicius de Moraes, pelo Brasil, Argentina, Uruguai e França. Atualmente, ela se dedica a compor e diz, com mágoa, que não interessa à mídia. "Não tenho nada a ver com o que a mídia investe, não sou artista de TV, apesar de ter participado de festivais na televisão", afirma ela, que busca uma pequena produtora musical ou gravadora para lançar um disco seu inédito, gravado há dez anos, mas nunca comercializado. Rainha Quelé. Sesc Ipiranga. Rua Bom Pastor, 822, tel. 3340-2000 Exposição: de terça a sexta, das 8 às 21 horas; sábado, domingo e feriado, das 9 às 17 horas. Até 1.º/9. Abertura, amanhã (22) às 20 horas. Lançamento de livro: Rainha Quelé - Clementina de Jesus. Organizado por Heron Coelho. Editora Valença. 88 páginas, com distribuição gratuita na ocasião. Amanhã, às 20 horas. Entrada franca. Show - com Marilia Medalha, Fabiana Cozza e Dona Inah. De amanhã e sábado, às 21 horas. R$ 4,00, R$ 8,00 (estudantes) e R$ 16,00.

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