Sérgio Britto dá seu recado pop no CD <i>Eu Sou 300</i>

Outro cantor do grupo Titãs mistura referências do rock da banda com samba e bossa nova no novo CD-solo

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Por Agencia Estado
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Assim como Branco Mello, Sérgio Britto tem necessidade de fazer música que, muitas vezes, o mesmo Titãs não comporta, por ser ela muito pessoal ou simplesmente não combinar com a banda. E Britto é do tipo de compositor que não produz só pensando em seu grupo. Produz por produzir e depois faz as devidas distribuições. Há tempos, ele vem galgando sua identidade musical fora do Titãs. Começou com os CDs Con El Mundo a Mis Pies, ao lado da banda Kleiderman, e o solo A Minha Cara, e lança agora Eu Sou 300 (Arsenal Music/Universal). Ele acha que está no caminho na busca pelo próprio estilo. Que esse seu segundo trabalho-solo é melhor do que o primeiro, mesmo porque naquele disco de estréia quis se opor ao Titãs e não reuniu nele tudo o que gostaria. "Vejo que esse novo disco tem veia do pop rock, mas com uma brasilidade e deixo isso acontecer", observa. "O disco Õ Blesq Blom (1989), do Titãs, tem um princípio parecido." Em "Eu Sou 300", Britto mantém as matrizes do rock titânico, em faixas como Agora Eu Quero a Verdade, que caberia perfeitamente num trabalho do Titãs, seja pela musicalidade, seja pela letra de protesto. Diz um trecho dela, subvertendo "Ideologia", de Cazuza: "Meus heróis estão no poder/Meus inimigos não são quem eu pensava ser/Meus heróis estão no poder/Bastar estar vivo pra poder viver." Mas essa longa convivência com a banda não é predominante no disco, pois nele há muito de samba, bossa nova e referências ao tropicalismo. Britto fazendo bossa? Pois então, é o que ele exercita em músicas como Na Linha do Horizonte, uma parceria dele e Arnaldo Antunes. "É letra do Arnaldo e música minha. Tem o sabor da bossa nova, nas melodias, mas não é tradicional, tem ar mais pop." Britto gosta muito de trabalhar com Arnaldo porque, depois de tanto tempo trabalhando juntos, a afinidade permanece mesmo após a separação. "A gente não perdeu a liberdade." Da turma da banda Tiroteio, resgatou Chulapa Free, única no CD que não é de sua autoria e na qual Britto estava de olho há algum tempo. "Tem um som legal, essa coisa de misturar funk com samba." A banda já havia contribuído com o Titãs no disco Domingo, com a canção Eu Não Agüento. Já Nós é uma canção antiga, feita em parceria com Carlos Rennó, para a qual Britto concedeu novo arranjo. O compositor aproveita para fazer suas homenagens. Homenagem a São Paulo, onde vive há muitos anos, em São Paulo (Cosmópolis); à mulher, na canção de amor Raquel (D.D.D.); e à Tropicália, em "Já Dizia Rogério Duarte". "O Rogério fez a capa do nosso CD Como Estão Vocês?. Eu tive a idéia de chamá-lo. Ele estava no interior da Bahia, foi ao Rio e se envolveu com a gente." Se este é um CD cheio de referências? Britto diz que gosta do pop com essa cara. "É o caminho que me interessa", afirma ele, que quer fazer shows com o novo trabalho. Já está definindo repertório, ensaiando e tudo mais. Mas, assim como ocorre com Branco Mello, tudo depende da agenda do Titãs.

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