Sanfoneiro Régis Gizavo apresenta-se em SP

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Por Agencia Estado
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O que podem ter em comum forró, blues e um sanfoneiro de Madagáscar? Quem esteve no festival Heineken Concerts de 1999, no Tom Brasil, teve a resposta em dez minutos. Na ocasião, dividiam o palco Lenine, Dominguinhos e Régis Gizavo, acordeonista que vive há dez anos em Paris reinventando a forma de tocar seu instrumento. Gizavo (pronuncia-se Guizavô) volta ao Brasil pela terceira vez, depois de uma celebrada apresentação na Tenda Raízes do Rock in Rio 3. Com um disco lançado no País pela Trama, Mikea, e outro já conhecido dos europeus e prestes a chegar por aqui, Samy Olombelu, o instrumentista se apresenta hoje, a partir das 23 h, no Blen Blen Brasil. O primeiro show da noite será do violonista Daniel Taubkin. Lenine e Dominguinhos não tinham ensaiado com Gizavo. A emoção com que ouviam suas músicas, no entanto, era evidente. "Somos tudo farinha do mesmo saco", definiu o sanfoneiro pernambucano ainda no palco. No sul da ilha de Madagáscar, quando tinha 6 anos de idade, o "bluesman africano", como se autodefine, ouvia o pai tocar acordeão em casa. Aprendeu sem ir à escola e se apaixonou por um blues diferente, já que nunca havia escutado a música feita no outro lado do Atlântico. Gizavo cresceu e começou a aparecer mesmo na última década, quando o sudeste da África pela França. Colaborou em shows e CDs de Ray Lema e Manu Dibango e passou a mostrar a cara em outros países. "Conheci músicos de todo o mundo em Paris. Foi isso que ajudou a definir minha identidade", conta em um vagaroso inglês. Exótico dançante - Nas canções de Gizavo não sobra muito das características tradicionais africanas. O blueman usa a mesma escala pentatônica dos orientais, que os americanos insistem há um século ter nascido nos campos de algodão do Mississippi, para entoar sua voz. Mas os anos na Babel francesa lhe deram um som mais pop e ocidentalizado. Taligne, um dos hits que deve tocar aos montes nas FMs populares de Madagáscar, é boa prova disso. Exótica mas dançante. Mesmo falando o inglês e o francês, o idioma oficial da ilha, Gizavo se nega a gravar qualquer coisa em outra língua que não seja o dialeto étnico de sua terra. Uma questão de sentimento. "Não penso em inglês, nem em francês. É em meu idioma que me sinto bem para compor e interpretar." Régis Gizavo e Daniel Taubkin. Hoje, às 23 h. Blen Blen Brasil (Rua Inácio Pereira da Rocha, 520. R$ 15.

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