Sambista Roberto Silva morre aos 92 anos no Rio de Janeiro

O cantor e compositor faleceu neste domingo, 9, em sua casa

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Por Sergio Torres e de O Estado de S.Paulo
Atualização:

Texto atualizado às 16h11

 

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RIO - Intérprete de sambas notabilizado pelo canto preciso e pelo talento nas divisões rítmicas, o carioca Roberto Silva morreu na madrugada deste domingo, 9, aos 92 anos, na casa em que morava na zona norte do Rio. O cantor sofria de câncer de próstata e na quarta-feira passada fora vitimado por um acidente vascular cerebral (AVC).

 

O "Príncipe do Samba", como era conhecido no meio musical, chegou a ser internado no Hospital Salgado Filho (zona norte) após o derrame, mas, segundo os parentes, pediu para voltar para casa, já que sabia que seu estado era bastante grave e que a morte aproximava-se.

 

Roberto Silva dedicou-se à música por 75 anos. Ainda trabalhava, apesar da doença, diagnosticada este ano. Em junho passado, em show no Instituto Moreira Salles, na zona sul carioca, cantou as músicas de "Descendo o Morro", disco clássico gravado em 1958. O LP fez tanto sucesso que o artista lançou mais três volumes até 1961.

 

O velório e o enterro aconteceram à tarde no cemitério de Inhaúma, bairro em que vivia desde criança. Ele nasceu no morro do Cantagalo, em Copacabana (zona sul). Tinha pai italiano e mãe carioca. O artista deixou sete filhos e 30 netos, além de bisnetos e tataranetos.

 

Remanescente da fase áurea do rádio brasileiro, Roberto Silva trabalhou nas emissoras Guanabara, Mauá, Nacional e Tupi, todas no Rio, a partir da década de 30 do século passado. Em entrevistas, costumava dizer que seu grande ídolo era o cantor Orlando Silva, a quem tentava imitar em início de carreira.

 

Seu primeiro disco foi gravado em 1946, mas o sucesso só veio dois anos depois: o samba "Maria Teresa", de Altamiro Carrilho, morto recentemente. Era um compositor eventual. Ao longo de mais de cem discos gravados, preferiu sempre as músicas compostas por craques como Ary Barroso, Geraldo Pereira, Wilson Batista e Nelson Cavaquinho, entre outros expoentes da canção popular brasileira.

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A convite do compositor e produtor Hermínio Bello de Carvalho, Roberto Silva participou em 2002 do espetáculo "O Samba é Minha Nobreza", apresentado no Rio durante três meses. Durante a apresentação ouvia-se a fala gravada do cantor João Gilberto, enaltecendo o cantor, a quem tinha como ídolo.

 

O show rendeu um CD duplo em que ele e os demais integrantes do elenco - jovens sambistas da Lapa, bairro boêmio do Rio - cantam sucessos como "Boogie Woogie na Favela" (Denis Brean), "Preconceito" (Wilson Batista e Marino Pinto) e "Mandei Fazer um Patuá" (Raimundo Olavo e Norberto Martins).

 

Em 2008, ao comemorar 70 anos de carreira realizou no Rio show em que esteve acompanhado pelo grupo Pé de Moleque. O espetáculo reuniu os destaques de seu repertório de quase oito décadas.

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