Sambista Bezerra da Silva morre aos 77 anos

O cantor e compositor, que estava internado no Rio de Janeiro desde 28 de outubro com problemas pulmonares, morreu esta manhã

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Por Agencia Estado
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Morreu esta manhã, aos 77 anos, no Hospital do Servidor Público do Estado, na região central do Rio de Janeiro, o cantor e compositor Bezerra da Silva. Ele estava internado desde o dia 28 de outubro do ano passado por causa de problemas pulmonares. Nos últimos dias, Bezerra vinha respirando com a ajuda de aparelhos. Pernambucano, o cantor ficou marcado por sua irreverência. Sambista irônico, Bezerra da Silva criticava as injustiças e os conflitos sociais sempre com bom humor. O sambista já havia passado por uma internação e chegou a ficar em coma, em setembro, na Casa de Saúde Pinheiro Machado, região sul do Rio, quando foram diagnosticados pneumonia e enfisema pulmonar. Bezerra era um verdadeiro campeão de vendas - gravou 25 discos e vendeu cerca de três milhões de cópias. Ao comentar sua morte, o sambista Zeca Pagodinho elogiou o amigo: "Bezerra da Silva foi um grande defensor do samba popular, do samba de tendinha. É uma pena ele morrer. Eu sempre ouvi a música dele, me influenciou muito e já vinha acompanhando, com tristeza a doença dele. Queria visitá-lo, mas ele estava em coma e era impossível. Perdemos um grande artista." O corpo do sambista será velado a partir de hoje à tarde no teatro João Caetano, no centro do Rio. O horário ainda não está definido. O enterro será amanhã, às 11 horas, no cemitério São João Batista, em Botafogo. Sambista começa carreira tocando zabumba e cantando coco - Nascido no Recife, em Pernambuco, Bezerra da Silva foi criança pobre, que aos 8, 9 anos, já tocava zabumba e cantava coco. Aos 15 anos, partiu para o Rio. Na nova cidade, foi trabalhar em construção civil, tornou-se pintor de paredes e foi morar no Morro do Cantagalo, onde viveu por 15 anos. Bezerra começou a cantar profissionalmente nas rádios a partir de 1967. Trabalhou com Jackson do Pandeiro, fez parte da orquestra da Globo, mas foi com Genario, do grupo Nosso Samba, que encontrou o sucesso. Fizeram o primeiro disco, Partido Alto - Nota 10 - Genario e Bezerra da Silva, em 1978, e, no segundo álbum da série, o sambista estourou de vez com o partido-alto Pega eu, que eu Sou Ladrão. Na discografia, saíram pérolas como Malandragem Dá um Tempo, Seqüestraram Minha Sogra, Overdose de Cocada, Piranha, entre outros. Em 95, com Moreira da Silva e Dicró, gravou Os Três Malandros in Concert, numa versão bem brasileira do show dos três tenores Pavarotti, Domingo e Carreras. Em 1998 virou tema de livro, Bezerra da Silva - Produto do Morro, de Letícia Vianna. "Não sou cantor de elite nem tento enganar o povo com letras de amor", desabafou ele em entrevista ao Estado, em 2003, quando divulgava o CD Meu Bom Juiz, o último de sua carreira. O compositor influenciou não apenas sambistas, mas artistas do pop-rock, como Barão Vermelho, O Rappa, Marcelo D2, entre outros.

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