Saiba como o Lollapalooza desembarcará em São Paulo no final de semana

Confira ensaio fotográfico exclusivo com as principais atrações do festival

PUBLICIDADE

Por Jotabê Medeiros
Atualização:

Neste sábado e domingo, o Lollapalooza reúne mais de 40 atrações em quatro palcos, no Autódromo de Interlagos, em São Paulo. Na semana passada, o evento aconteceu em Santiago, no Chile, com atrações que virão para cá também. Confira a seguir um ensaio fotográfico exclusivo feito por Jotabê Medeiros que adianta como algumas delas devem desembarcar aqui.

PUBLICIDADE

Arcade Fire é o show mais grandioso do festival, mas um pouco longo. Com a adição de dois percussionistas, eles abrem com a batida disco da canção-tema de Reflektor, com um homem-espelho caminhando pelo meio do público. Desfrutando de sua faceta Olodum na festa, é como se fosse um Carnaval vienense com um certo acento creole, com seus acordeons, violinos e rabecas.

O New Order é uma farra muito maior do que já foi há alguns anos, quando de sua primeira reunião - agora está com uma parafernália visual, telões e projeções, de impor respeito – léguas distante daquele acanhado show no Via Funchal em 2006. E o repertório é generoso: abre com Crystal e vai por Ceremony, Bizarre Love Triangle, The Perfect Kiss, Blue Monday. E, claro, no finalzinho, Love Will Tear Us Apart.

A banda de Julian Casablancas é um equívoco, como se fosse um Strokes com vontade de ser metal, com três guitarristas em cena – mas que não é nem metal nem Strokes. Só pega mesmo quando coloca Take it or Leave it, da banda de verdade de Casablancas, no palco. Julian é simpático, e demonstra euforia genuína por estar de novo na América do Sul, onde tem uma base de fãs fenomenal.

Johnny Marr, ex-Smiths, munido apenas de sua guitarra e o velho cabelo de mod temporão, é imperdível. Ao primeiro solo, desvela-se toda a linha evolutiva da guitarra do britpop, que ele inventou, e as canções dos Smiths que sobrevieram ao longo do show trouxeram uma espécie de redenção para quem estava entupido de derivativos. Esmerilha hits como How Soon is Now? e Bigmouth Strikes Again. Ainda esmerilhou uma do Clash que é simplesmente oportuna para esses tempos de exorcismo de golpes: I Fought the Law.

O Soundgarden, cuja reunião reacende o sinal de perigo grunge, será a apoteose do festival. Demoraram 24 anos para vir ao País. Em sua primeira turnê pela América Latina, a junção de Chris Cornell com o guitarrista Kim Tahil mostra-se de novo colossal no palco. Eles abriram com Searching with My Good Eye Closed, e foram esquentando com Spoonman, Let me Drown e Rowing, até chegar em Black Hole Sun e Jesus Christ Pose. Rock’n’roll em sua melhor acepção.

Os Pixies não fizeram um show memorável, mas também nunca são de se jogar fora. A nova baixista, Paz Lechantin, é apenas uma instrumentista de sessão, sem muita personalidade. Falta muito para chegar a uma Kim Deal - e seus solos, como em Hey, são inócuos. O New Order estava bem: até o dono do festival, Perry Farrell, saiu da toca para ir ver a banda, que encerrava a jornada.

Publicidade

Portugal. The Man, mistura de MGMT com começou seu show com problemas de som, mas quando estes foram resolvidos o grupo mostrou que ainda não tem cacife para um palco principal de um festival. Sua porção Ziggy Stardust não é alienígena, seus falsetes têm cheiro de banda de botequim. Alcançam seu melhor momento no bis, quando mesclam sua música Purple Yellow Red and Blue com Another Brick in the Wall, do Pink Floyd.

Lorde canta sob um caminhão de bases programadas – só têm dois colegas no palco, meio músicos meio apertadores de botões. Derrama sua porção "teen angst" e seu novo cabelão em cima das garotas iniciadas, que já a seguem pelo planeta. A cantora neozelandesa é mais neogospel do que neosoul. Sua vontade de ser Amy Winehouse é grande, mas ainda precisa de algo mais do que uns dois pilotos de botões e uns coros gravados ao seu lado.

Kid Cudi (codinome de Scott Mescudi) é um estranho caso de um show muito chato que arrebanha muitos fãs. Não dá para dançar muito suas bases de quase hip hop, quase dub, quase reggae. Fica no meio de um monte de coisa. E ele ocupou um palco, no gigantesco ginásio que abrigava a eletrônica, trezentas vezes maior que ele em Santiago. Talvez se reduzirem suas pretensões.

Imagine Dragons vai causar. Mais pela simpatia e voluntarismo do que pela música. É a nova sensação dos festivais, com sua performance interativa, toda atravessada por percussão (tocada por todos os integrantes do grupo) e cheia de pequenas concessões aos fãs (eles tocam, por exemplo Song 2, do Blur, e Tom Sawyer, do Rush, com grande efeito). Às vezes lembram o Arcade Fire, noutras outras bandas oitentistas, como Echo and the Bunnymen. Seu vocal, Dan Reynolds, fala um pouquinho além da conta.

Dessa vez, o vocalista do Cage the Elephant, Matt Shultz, veio no estilo comportado, vestido de calça branca e sapatos, comportado, correndo como se fosse um seminarista em fuga. As músicas do novo disco, Melophobia, encaixaram direitinho nos hits (como Shake me Down), e o show foi crescendo progressivamente. Continua uma banda de grande domínio de cena, deve fazer boa figura de novo.

O trovador Jake Bugg, aos 20 anos, parece tímido, apesar de ser um dos newcomers que mais arrebanha fãs, com canções flagrantemente espelhadas no ídolo maior do folk, Bob Dylan, como Trouble Down. Ele só tem um hit, Seen it All, que entra logo no começo, a terceira música e que a multidão canta junto. Encabeça uma banda meio nerd, mas o tipo de som que faz não pede nada muito maior.

 

Na seara eletrônica, nada haverá de mais impacto que o grupo Bloody Beetroots. Banda-projeto do italiano Bob Cornelius Rifo, um dândi da eletrônica, funde da música orquestral ao punk rock. Uma montanha russa de luzes hipnóticas, efeitos, climões sombrios e um conceito eletrônico que mostrou-se furiosamente eficiente no Lollapalooza de Santiago, no Chile. O palco eletrônico ficou lotado e o público dançava delirantemente. A maior novidade do festival.

Publicidade

Tudo Sobre
Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.