Sai Meds, novo álbum do Placebo; Brasil cotado na turnê

Steve Hewitt, baterista e multinstrumentista do grupo neo-glam, fala sobre o álbum que vem com reforço de Kills e R.E.M.

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Por Agencia Estado
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Você ouve o fraquinho Keane ou o capenga Muse e pensa que está ouvindo o Coldplay ou o Radiohead. Isso é bom ou isso é ruim? "Para mim, parece normal quando uma banda nova soa como Radiohead. A mais original entre as bandas em atividade no Reino Unido é de fato o Radiohead", diz à reportagem o músico Steve Hewitt, baterista e multiinstrumentista do grupo Placebo - que poderíamos chamar de banda britânica, não fosse o fato de que é formada por um americano (Brian Molko, vocais), por um sueco (Stefan Olsdal, baixista e tecladista) e por Hewitt, inglês. "Muito grupo novo que imita Radiohead soa bem, mas não é nada novo, não é original. Por um lado, é desapontador. Mas pelo menos o exemplo é bom", diz Hewitt. Bom, ninguém pode acusar o Placebo de emular ninguém. Após 12 anos na estrada, o grupo chega agora ao seu sexto disco, Meds (EMI Music), com alguns reforços entre os grupos que não poderíamos jamais dizer que não são originais: os convidados especiais VV, ou Alison Mosshart, vocalista do The Kills, na faixa-título, e Michael Stipe, vocalista do R.E.M., em Broken Promise. "Acho que Meds é muito melhor que o disco anterior. Tem uma abordagem diferente (Sleeping with Ghosts), há coisas eletrônicas mas o álbum não fica longe do som mais básico do Placebo. Ao mesmo tempo que é uma volta às origens, é também um disco mais experimental, sem forçar a barra", diz Hewitt. Voz andrógina e metálica de Brian Molko A força de Meds, como em todos os discos do Placebo, continua sendo a voz andrógina e meio metálica do vocalista Brian Molko, uma figuraça do rock. Aos 34 anos, Molko tem uma abordagem teatral em sua interpretação, coisa que traz de seus tempos num "drama course" de Londres. Filho de um banqueiro, ele dividiu sua infância entre os Estados Unidos e Luxemburgo, onde seus pais (de ascendência escocesa e americana) viveram. Adolescente, Molko largou tudo (a grana do pai e as escolas caras) pelo rock?n?roll, influenciado por Marc Bolan, Sonic Youth e Nirvana. Desnecessário dizer também que a persona Ziggy Stardust, de Bowie, marcou presença. Ainda em Luxemburgo, Molko conheceu o primeiro parceiro de banda, o baixista sueco Olsdal. "Nossas diferenças culturais nunca foram um problema. Pelo contrário, ajudou a fazer também um som diferente. Vemos o resto do mundo de maneira diferente, mais saudável, menos desconfiada. Acho que é isso, por exemplo, o que Nick Cave faz com sua banda The Bad Seeds, que tem gente de todo lugar do mundo. Isso ajuda a abrir os horizontes", diz Hewitt. Depois, o grupo se estabeleceu em Londres, considerada "a melhor cidade do mundo para uma banda" pelo baterista. "Vejo grupos como Franz Ferdinand e Kaiser Chiefs acontecendo e fico feliz. São novos grupos ajudando a evidenciar a velha música. Para mim, é bom que estejam surgindo cada vez mais bandas de rock. E a Inglaterra é o lugar mais fértil para que isso aconteça", afirma. "Você pode dizer que há grupos que fazem sucesso apenas pelo aspecto cômico, por fazer micagens no palco, com cinco, seis tipos como clowns. Mas não há nada que se possa fazer a respeito. É um direito deles fazer isso, e é um direito dos fãs gostarem." O vocalista Brian Molko fez uma ponta no filme Velvet Goldmine, interpretando 20th Century Boy, do T. Rex. E o trio foi convidado por David Bowie em carne e osso para participar de sua festa de 50 anos no Madison Square Garden. Assumidamente glam, o Placebo fez sua primeira turnê nacional pelo Brasil no ano passado, tocando em 8 cidades. Pretende repetir a dose, garante Hewitt. "Vamos iniciar nossa nova turnê e o Brasil certamente está nos nossos planos."

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