Sai mais um CD do baú do Legião Urbana

Com novos arranjos para velhas canções, mais um disco da banda chega às lojas. Gravado durante show no Metropolitan, em 94, o álbum sairá em dois volumes

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Por Agencia Estado
Atualização:

Eis que mais um baú se abre quando tudo parecia já ter vindo à tona. Um novo disco do Legião Urbana, gravado ao vivo e com novos arranjos para várias canções, chega às lojas nesta semana. O álbum foi registrado durante uma apresentação nos dias 8 e 9 de dezembro de 1994, no antigo Metropolitan (atual ATL Hall), no Rio. Intitulado Como é que se diz eu te amo, o disco é guardado como ouro pela EMI. Ele será lançado em dois volumes, separadamente. Não há canções inéditas, mas muitas trazem arranjos feitos especialmente para o show. A partir de hoje, emissoras FM começarão a executar exaustivamente a versão ao vivo de Quando o Sol Bater na Janela do Seu Quarto, primeira música a ser trabalhada na mídia. O projeto está sendo tratado pela EMI como a grande cartada da empresa neste primeiro semestre. Há menos de um ano, Legião - Acústico MTV, gravado ao vivo, em 92, chegou às prateleiras para júbilo dos fãs do trio brasiliense. Até hoje, mais de 1 milhão de cópias deste CD saíram das lojas. E a procura não dá sinais de que deve cessar tão cedo. O show lançado agora, que teve o catarinense Carlos Trilha como produtor e tecladista, foi realizado em uma época especialmente conturbada. 1994 foi o ano em que a Legião colocou fim a um jejum de quase quatro anos sem fazer shows em grandes ginásios. Cinco meses antes da apresentação no Metropolitan, o grupo havia voltado aos palcos com uma miniturnê por São Paulo, Porto Alegre e Rio de Janeiro. Renato Russo estava de mal com a imprensa. Críticos de rock que colocaram a Legião no Olimpo passaram a fustigá-la com grande acidez a partir do lançamento de O Descobrimento do Brasil, de 93. Aos poucos, Russo, Dado e Bonfá foram deixando de fazer shows com freqüência. Em entrevista publicada em maio de 94 pelo JT, o poeta desabafou: "As pessoas podem ter a opinião que for, mas a partir do momento em que você faz o seu trabalho e só leva na cabeça - por maldade, por baixaria mesmo, uma coisa baixa e ordinária - você vai cansando, vai cansando." Um importante fato marcou o ano de 94 para o vocalista. Russo queria se engajar de vez na luta pelos direitos dos homossexuais (ele não falava muito no assunto, mas assumia-se como bissexual). Para isso, lançou em junho um álbum só com covers cantados em inglês. The Stonewall Celebration Concert foi uma homenagem aos 25 anos do primeiro levante gay da América, no bar Stonewall, em Nova York. Talvez pelo fato de ter sido registrado em inglês, tornou-se o trabalho-solo mais obscuro de Russo - não passou de 400 mil cópias vendidas. Mas Equilíbrio Distante, seu disco italiano, chega a 1.290 milhão cópias. O lançamento de um novo álbum da Legião Urbana, depois de cinco anos da morte de seu líder, vem comprovar o status de fenômeno alcançado por Russo. No rock nacional, algo semelhante só havia ocorrido com Raul Seixas. Números de vendagens de seus discos, impulsionados por surpresas surgidas a cada ano, fazem da Legião Urbana o Beatles brasileiro. Ao todo foram mais de 10 milhões de CDs vendidos desde o lançamento de O Futuro da Nação, de 1985. Cada vez que uma nova geração de adolescentes se forma, novas dezenas de fã-clubes se proliferam pelo País e a procura por álbuns antigos da banda aumenta. Como a torneira nunca se fecha, nenhum disco sai de catálogo. E novos não deixam de surgir. Rápida, a EMI já estuda o lançamento de um DVD sobre o grupo (não se sabe ainda de qual show). Também pensa em despejar nas lojas coletâneas comemorativas. No dia 27, Renato Russo faria 41 anos. Quem sabe não sai daí um novo coelho.

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