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Rush já está no Brasil e promete presente aos fãs

Em entrevista coletiva, hoje, o guitarrista Alex Lifeson e o vocalista Geddy Lee anunciaram que tocarão uma canção extra nos shows em SP, sexta, e Rio, sábado

Por Agencia Estado
Atualização:

Não tem mais lero-lero. Depois de dez anos de negociações, várias negativas e diversas especulações, o Rush está no Brasil. Um sonho para os fãs do rock progressivo, a vinda da banda canadense agora é um fato: na sexta-feira, eles tocam no Morumbi, em São Paulo, e, no sábado, no Maracanã, no Rio de Janeiro. Dois terços do grupo deram entrevista coletiva para a imprensa hoje de manhã em São Paulo, num hotel dos Jardins. Bem-dispostos, o guitarrista Alex Lifeson e o vocalista Geddy Lee demonstraram presença de espírito diante das perguntas mais capciosas, bom humor e uma consciência politicamente correta típica das bandas mais maduras do rock. Uma jornalista quis saber o que eles pensavam de fazer um show no Maracanã um dia antes de um jogo do Fluminense pelas oitavas-de-final do Campeonato Brasileiro - a crônica esportiva preocupava-se com danos ao gramado. "Talvez nós possamos fazer o jogo e o show ao mesmo tempo", brincou Alex Lifeson. O guitarrista também protagonizou outro momento divertido, quando lhe perguntaram o que achava das intrigas comerciais entre Brasil e Canadá - o embargo da carne brasileira de exportação e a guerra da aviação comercial. Lifeson sugeriu que os dois países fabricassem aviões de carne e tudo ficaria numa boa. O outro integrante do trio, o baterista Neil Peart, não foi à coletiva porque não está para interpelações públicas, segundo explicou Geddy Lee. "Ele não se sente muito confortável para responder a questões sobre sua vida pessoal, após os acontecimentos recentes", disse Lee. Neil Peart perdeu mulher e filha recentemente. Retomar a carreira, segundo a banda, foi um processo lento, delicado. "Mas é legal estar de volta e falando sobre coisas positivas, novas", disse Geddy Lee, que atribuiu ao fato de "não serem muito espertos" a demora em terem vindo tocar no Brasil. Para os fãs brasileiros, a banda prometeu incluir uma música extra no repertório do show de sexta-feira, "Closer To Your Heart", canção de 1977. E negou-se a revelar alguns dos segredos da décor de palco, como as duas gigantescas máquinas de lavar que fazem às vezes de cenário para o show. Segundo Lifeson, aquelas máquinas de lavar são "um segredo de Estado canadense" mantido a sete chaves. Carreira - A pedidos dos jornalistas, o grupo analisou sua trajetória. Segundo Lee, seu início foi bastante influenciado pelas bandas inglesas de blues, como John Mayall and the Bluesbreakers, Cream, Jeff Beck Band. Depois, vieram - também da Inglaterra - as grandes matrizes do rock, como Led Zeppelin, Genesis e Yes. Geddy Lee ponderou que a carreira do grupo sofreu uma guinada radical após o disco Signals (1982), o último de uma série produzida por Terry Brown, com quem colaboravam desde o início da carreira. O disco Power Windows, de 1985, que teve a produção da própria banda e de Andy Collins, marcou um caminho de pesquisa e experimentação. "Esse é um processo que nunca finda", disse Lee. "Tem hora que você ouve uma música do Radiohead e diz: ´Uau, é brilhante!´ E pensa imediatamente em compor algo", afirmou. O novo álbum, Vapor Trails (2002), nasceu de muitas jam sessions, sessões espontâneas entre seus integrantes, afirmou, e sua tonalidade um pouco mais crua - em contraponto ao som cristalino de outros discos - foi premeditada. "A questão era como não perder aquele espírito inicial durante a gravação, não polir demais, porque foi um processo longo e não queríamos perder aquela originalidade", afirmou o cantor. O Rush é uma das maiores bandas de rock da história e, segundo o produtor José Muniz Neto, da Corporácion Interamericana de Entrenimiento (CIE, produtora do espetáculo), a expectativa pela vinda do grupo é algo que foi detectado em pesquisas ao longo de todos os grandes festivais. O Rock in Rio tentou trazer o Rush, mas esbarrou na questão financeira. Lifeson e Lee negaram que sua relutância em vir ao Brasil deva-se a uma crítica que fizeram ao "som ruim" dos palcos brasileiros. "Não é verdade", afirmou Lifeson. Boa parte da demora deveu-se mesmo ao fato de que o grupo evitou turnês muito longas durante a carreira. Para Lee, era importante conciliar a vida errante de rock star com "uma vida normal com as famílias". A turnê Vapor Trails já teve 60 shows realizados nesta temporada, segundo Lifeson, e desembarca no Brasil exatamente com o mesmo espetáculo dos Estados Unidos, tanto sonora quanto visualmente. A duração é de três horas porque, segundo os músicos, eles tentam tocar o maior número possível de canções do disco novo, intercaladas com os clássicos da banda.

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