PUBLICIDADE

Roger Waters invoca mito do Pink Floyd para 50 mil

Compositor dos principais hits da banda faz suas últimas apresentações no Brasil amanhã e sexta, em São Paulo, no estádio do Pacaembu

Por Agencia Estado
Atualização:

Após vivermos sucessivas avalanches comportamentais na música jovem - a anarquia heavy, a revolução punk, a frescura new age e a animosidade grunge -, a coisa que amedrontava terrivelmente um roqueiro era ter de admitir que gostava do som espacial e "cabeça" do grupo inglês Pink Floyd. Admitir que tinha curtido pelo menos um daqueles megahits, como Money, Time, Wish You Were Here ou Another Brick in the Wall. Mas parece que a coisa mudou e as pessoas deixaram a cerimônia de lado. Segundo estimativas dos organizadores, pelo menos 50 mil pessoas devem ir nesta quinta e sexta ao Pacaembu para render sua homenagem a esse quase extinto dinossauro do rock, o baixista Roger Waters, de 57 anos, principal artífice do fenômeno Pink Floyd entre 1965 e 1983. Waters, o "sr. Pink Floyd", não se faz de rogado com os fãs de sua antiga banda. Ao todo, ele canta 17 canções do grupo, em um show de três horas de duração, com meia hora de intervalo. Arredio ex-estudante de arquitetura da Regent Street Polytechnic de Londres, ele ganhou ao longo da carreira o apelido de "O Grande Pessimista". Especialmente devido a duas de suas obras, The Wall (1979) e The Final Cut (1983), nas quais explorava (com alguma dose de auto-indulgência) temas como loucura, fama, egocentrismo, a morte do pai, alienação, a falta de Deus, materialismo social, guerra, incomunicabilidade. O Pink Floyd gravou 16 discos. O primeiro saiu em 1967, The Piper at the Gates of Dawn. Na época, o líder era o guitarrista e cantor Syd Barrett, mas Waters tem três composições no álbum, duas como co-autor e uma solo, Take Up Thy Stethoscope and Walk. No segundo disco (A Saucerful of Secrets, de 1968), Syd Barrett foi "saído" por excessos químicos e em seu lugar entrou o guitarrista David Gilmour (além dele, o Floyd tinha o baterista Nick Mason e o tecladista Rick Wright). A essa altura, apesar das limitações técnicas, o Pink Floyd já era uma lenda no underground londrino. "Não podíamos tocar nem o mais básico e foi por isso que tivemos de fazer algo mais experimental", afirma Waters, que assumiu o papel de líder e passou a ser o principal compositor do grupo. Mas a sonoridade da guitarra de Gilmour tornou-se também uma marca registrada do Pink Floyd. Ele só precisava emitir duas notas para que o mundo todo soubesse que era Gilmour quem tocava. Esse é o principal "fantasma" da atual turnê de Waters. Com Dark Side of The Moon (1973), o Pink Floyd experimentou um sucesso comercial sem precedentes no mundo do rock. Começam a fazer turnês mirabolantes, recheadas de animais infláveis e efeitos caríssimos, como foi o caso de Animals, em 1977. Racha - Em 1983, fatigados de tanto sucesso, racharam. Na Suprema Corte de Halloween, na Inglaterra, em outubro de 1986, Waters perdeu a "guarda" do nome Pink Floyd. Ele não engoliu muito bem a decisão e, em 21 de julho de 1990, fez um megashow chamado The Wall em Berlim, celebrando a queda do muro - a metáfora mais óbvia e célebre de toda sua carreira. Waters lançou seis discos sem o Floyd: Music from the Body (69), The Pros and Cons of Hitchhiking (84), When the Wind Blows (86), Radio KAOS (86), The Wall in Berlim (90) e o duplo In the Flesh (2000). Nenhum chega aos pés dos que fez com o quarteto.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.