Rod Stewart para maiores

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Por Agencia Estado
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Apesar de mais de 30 anos de carreira e milhões de discos vendidos, o cantor britânico Rod Stewart, de 57 anos, ainda mantém o essencial para prosseguir sua carreira, o prazer de cantar. É isso que o ex-membro do The Faces e do Jeff Beck Group mostra em seu novo disco, It Had To Be You - The Great American Songbook, lançado no País pela BMG, que traz a velha voz rouca interpretando grandes clássicos da música norte-americana dos anos 20, 30 e 40. O CD era um projeto antigo de Stewart, mas nunca foi aceito por sua gravadora, a Warner. Depois de várias tentativas de persuadir os executivos da multinacional, ele se queixou com o amigo e produtor Clive Davis, chefão da gravadora Arista, que bancou o projeto. Para criar a atmosfera imaginada pelo músico, Davis recrutou dois mestres para produzi-lo, Richard Perry e o mitológico Phil Ramone, que entre tantos discos foi o responsável pelos CDs Duets, de Frank Sinatra. O repertório escolhido pode ser chamado de o mais ?comercial? entre as obras de grandes compositores como Cole Porter, Gershwin, Jerome Kern e Hart & Rodgers. Com isso, o impacto de ouvir um roqueiro interpretando canções imortalizadas nas vozes famosas de grandes cantores de jazz é menor. E é esta sensação que o ouvinte vai ter. Não que Stewart não dê conta do recado, mas pode soar um pouco estranho para alguns fãs do cantor. Ao contrário de outros artistas pops que já invadiram este universo, com exceção do ótimo As Time Goes By, de Bryan Ferry, o disco deu preferência à arranjos mais parecidos com um trio de jazz. Há cordas, mas na quantidade certa, que não enjoa, o que deixou o álbum mais agradável. Entre os grandes clássicos estão Everytime We Say Goodbye, The Nearness of You, That Old Felling, The Very Thought Of You, The Way You Look Tonight e They Can?t Take That Away From Me. O disco tem a participação especial do trompetista Arturo Sandoval, em Moonglow, do saxofonista Michael Brecker, em It Had To Be You e do sax de Dave Koz no primeiro single do disco, uma canção de 1930, These Foolish Things. O disco vendeu nos EUA mais de 100 mil cópias na primeira semana e entrou em quarto lugar no Top 200 da revista Billboard, feito que o cantor não conseguia desde o CD MTV Unplugged (93). Dificilmente o disco terá o mesmo êxito por aqui, mas servirá para colocar Rod Stewart novamente na mídia, já que seus últimos três discos, Spanner In Th Works (95), When We Were The New Boys (98) e Human (2001), tiveram vendas discretas. É claro que haverá manifestações de repúdio e pessoas dizendo que ele não tem gabarito para interpretar esses tipos de canções, o que é puro preconceito. Rod Stewart tem história e competência para cantar o que quiser. E o melhor de tudo, ele não quer ser comparado com os grandes crooners dos anos 50 e 60 como Frank Sinatra, Nat King Cole ou Tony Bennett. Ao contrário, Rod quer mostrar ao público que admira esses intérpretes e, ao mesmo tempo, adiar uma possível aposentadoria prematura como cantor. Afinal, com essas músicas, ele poderá conseguir um emprego em algum clube de jazz de Chicago ou Nova York.

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