Rock in Rio: um festival eclético com modelo consolidado e único

Chega ao fim mais uma edição do festival que consegue reunir de metaleiros a funkeiros

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Por Guilherme Sobota e Leandro Nunes
Atualização:

RIO - O Rock in Rio 2019 chega ao fim com um modelo consolidado de festival de música praticamente único no mundo – agradando de metaleiros a funkeiros – e nesta edição, especificamente, abrindo espaço para shows novos de artistas em ascensão (H.E.R.), novos astros em seu auge até aqui (Drake), primeiras vezes no Brasil (Pink e King Crimson), prestando atenção nos gêneros mais adorados do momento (funk e hip-hop) e criando novas ferramentas de entretenimento (os espaços da NAVE e da Fuerza Bruta foram elogiados por público e crítica).

Público durante show da banda Melim, a segunda atração a se apresentar no Palco Sunset no último dia do festival Rock in Rio 2019. Foto: Wilton Junior/Estadão

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A principal marca da curadoria do Palco Mundo do Rock in Rio também deu um jeito de manter bandas colossais cujos fãs-clubes enxergam apenas a perfeição, mas que são marcas repetidas, de novo e de novo, como o Red Hot Chili Peppers (que, justiça seja feita, fez um show diferente) e o Bon Jovi – o que deve continuar acontecendo a despeito das críticas. Trazer a maior turnê da história do Iron Maiden e a última do Slayer também foram decisões importantes.

Um parágrafo para o Palco Sunset. Muito dele é sobre encontros e nesta edição o Rock in Rio promoveu alguns dos mais memoráveis da sua história recente. No primeiro dia, Mano Brown e Bootsy Collins misturaram soul das antigas e rap do bom. Iza e Alcione simplesmente tomaram conta do espaço num show consagrador (de novo) para a primeira e gigante para a segunda. Emicida e Ibeyi emocionaram com homenagens e uma sinergia ancestral poderosa e a Funk Orquestra fez uma festa funk emocionante. 

O festival se encerrou já na madrugada desta segunda-feira, 7, com um show da banda britânica Muse, num dia também voltado ao rock popular de Imagine Dragons, Nickelback, Paralamas do Sucesso, Lulu Santos e Silva e O Terno.

Já era quase uma da manhã quando, nas sombras do Palco Mundo, o guitarrista e vocalista Matthew Bellamy brilhou. Nos olhos, óculos com luzinhas e um blazer cintilante anunciavam que Muse veio de algum lugar no futuro antes de vir encerrar o Rock in Rio 2019. Mas o trio britânico não veio sozinho. Sua banda marchou com o mesmo brilho eletrônico de uma realidade alternativa. A estética acompanhou o rock maduro de quem tem 25 anos de estrada. O trio britânico entregou uma apresentação brilhante com a voz sedutora de Matthew Bellamy e um robô biônico gigante.

Conhecida como a banda de rock de maior sucesso da era do streaming, o Imagine Dragons fez um show pop para fãs apaixonados, praticamente encerrando o Rock in Rio 2019 (o Muse era o derradeiro grupo a se apresentar no Palco Mundo, logo em seguida). Mistura de Coldplay, Arcade Fire, Linkin Park, Paul Simon, Elton John, Empire of the Sun, Mumford and Sons e trilha sonora de videogames, a banda fez uma apresentação que tem algum nível de intensidade e vários coros da plateia, mas que raramente oferece uma identificação própria para o fã exigente.

No show anterior, o vocalista do Nickelback, Chad Kroeger, falou que houve uma “festinha” no sábado com os integrantes das três bandas que fecharam a noite, regada a whisky. Com a turnê Feed The Machine, o Nickelback voltou ao Brasil pela primeira vez depois de 2013 para atender à grande base de fãs no País. A banda se despediu incendiando o palco com Burn It To The Ground. “Nós amamos vocês, Rio”, declarou Kroeger. 

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Outro destaque do encerramento do festival foi o primeiro show no Brasil dos veteranos do King Crimson, comemorando 50 anos de estrada. Liderados pelo guitarrista Robert Fripp, único remanescente da formação original, os mestres do rock progressivo levaram ao palco três baterias e executaram clássicos como The Court of the Crimson King, 21st Century Schizoid Man e Epitaph.

Paralamas do Sucesso e Lulu Santos se apresentaram no Palco Mundo e no Palco Sunset, respectivamente. O show dos Paralamas se concentrou no ska – a mistura de rock e reggae que o Paralamas cristalizou no Brasil. Vital e Óculos, duas canções que a banda tocou na primeira edição do Rock in Rio, num show catártico em 1985, voltaram para o mesmo palco com vigor invejável na terceira passagem do Paralamas pelo festival.

Já o show de Lulu teve o som prejudicado. Não era possível compreender a voz do cantor. A plateia se manifestou com palmas, pedindo que se aumentasse o volume, mas não adiantou. Em Apenas Mais uma de Amor, só se ouvia a plateia. Silva chegou ao palco com Ovelha Negra, de Rita Lee, mas sem tanta expressão pelos problemas no som.

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