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Rock in Rio: Maroon 5 faz repeteco, dessa vez para seu público

Banda se apresentou pela segunda vez no festival depois de substituir Lady Gaga

Por Pedro Antunes
Atualização:

RIO - A vida, meus caros, está em looping. Daqueles que fazem o sujeito pensar: calma, que dia é hoje? 

Pois Maroon 5 (e o Rock in Rio) promoveu essa experiência, escancarada, de confusão mental. 

Foi breve, porém. Estamos na noite de sábado, 16, o dia no qual o Maroon 5 estava programado para tocar. A presença deles na sexta, 15, foi um acaso - Lady Gaga, com fibromialgia, cancelou sua performance em cima da hora e Adam Levine e companhia toparam fazer um show extra.

A banda Maroon 5 se apresenta pela segunda vez no Palco Mundo, dessa vez em sua data oficial, encerrando as atividades no segundo dia do festival Rock in Rio neste sábado, 16, na zona oeste do Rio. A banda se apresentou na última sexta-feira, 15, também encerrando o dia, devido ao cancelamento da cantora Lady Gaga. Foto: Fabio Motta/Estadão

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Então, se você acha que os dois shows foram iguais e que não há nada mais a ser acrescentado, por favor, clique aqui e leia a crítica escrita pelo mesmo reportar, na noite passada. 

A ideia aqui é provar o ponto de que a arte é mutante, transforma-se porque é comunicação. E, nesse caso, ela varia, de acordo com quem a envia e quem a recebe. A mensagem, seja a mesma ou não, passa por filtros dos dois lados e jamais será exatamente a mesma. 

O Pedro que escreveu a respeito do Maroon 5 na noite de sexta não é o mesmo desde sábado. Quem está lendo esse texto nesse momento, também não. 

E, principalmente, quem está na Cidade do Rock, abarrotada como ainda não havia sido visto, faz diferença. O show ganha pulso quando o público é outro - está empiricamente provado. A apresentação do Maroon 5 na sexta, agora, soa frouxa diante desta. É sempre uma questão de perspectiva. 

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As mãos se levantam com mais frequência. Refrãos são gritados com mais intensidade. E "intensidade" é uma boa palavra para transmitir o que ocorreu nesta segunda apresentação do Maroon 5, no segundo do de festival consecutivo. A tentativa de descrever a intensidade vale mais do que se comparar setlists, compara-se performance, apoio, retorno e resposta. 

A voz de Levine merece elogio, aliás, pois se mostrou menos frágil do que poderia ser após a apresentação do dia anterior - esse era um dos temores de quem estava nesse segundo show na Cidade do Rock. 

E é questão de habitat, sem duvida. A vagarosa Sunday Morning foi outra, tal qual várias outras canções executadas, por conta do público. O coro do público, meus amigos, faz a diferença. 

E o Maroon 5, como foi escrito na noite anterior, é uma banda camaleônica dentro desse ambiente do pop. As diferenças, por vezes, são sutis. Pode ser um cover ou uma música ou outra que entra no setlist, mas a performance como um todo muda. 

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O amor cantado pelo Maroon 5 também é camaleônico. A dor que se sentia no dia anterior já não machuca tanto, assim como a felicidade. Tudo se transforma, já disse o físico, embora soe como um conselheiro amoroso barato. 

Mas talvez seja esse o ambiente misto no qual o Maroon 5 e suas canções sobrevivem. Porque há algo de raso nas suas canções de amor, mas ainda assim é a elas que muita gente recorre para na tentativa de entender o que sente. E é essa ligação íntima que transforma uma apresentação, principalmente diante do pop açucarado de Adam Levine e companhia. 

Ainda continua sendo tudo aquilo de ontem. Mas o que se transmite e o que se recebe estão em constante transformação. Nem mesmo o pop mais plastificado é imune a isso. 

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O Maroon 5 de sábado acaba por ser diferente da banda de sexta. A sensação de looping se quebra, tal qual a vida, que embora pareça se repetir, sempre caminha para frente, como o tempo

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