Rock e atitude com Concrete Blonde

Banda retomou sua formação original e lançou no início de 2002 seu primeiro disco em oito anos, Group Therapy. Amanhã, faz show em São Paulo

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Por Agencia Estado
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Toca nesta quarta-feira em São Paulo, no Credicard Hall, uma banda de rock que tem atitude. Trata-se do Concrete Blonde, grupo dos anos 80 e 90 que teve sua visibilidade um pouco prejudicada pela emergência de bandas mais badaladas, como Pretenders, e que se reuniu de novo depois de oito anos para reocupar um lugar ao sol no espectro musical. "Não gosto de George Bush, a maioria deste país não o quis para presidente e meu coração manda que eu diga ao meu público que ele é errado, é naïve (ingênuo), tem uma visão do mundo de 30 anos atrás", disse, em entrevista à reportagem, a vocalista Johnette Napolitano. Johnette estava explicando a citação que colocou no site do seu grupo na internet, da ex-primeira-ministra israelense indiana Golda Meir: "Um líder que não hesita antes de enviar sua nação à batalha não está preparado para ser um líder." O alvo é inequívoco. "Eu só toco música, mas se puder influenciar pessoas é melhor." Reagrupada com a formação original (Johnette e mais o guitarrista Jim Mankey e o baterista Gabriel Ramirez no lugar que foi de Harry Rushakoff), o grupo lançou no início do ano passado o álbum de comeback, Group Therapy, com 12 faixas novas - as primeiras desde Mexican Moon, de 1994. Têm 20 anos de carreira - surgiram em 1982, com o nome de Dream 6 - e seis discos lançados, com hits como Joey e God Is a Bullet (do álbum Free, de 1989). Johnette é uma band leader de idéias complexas. "Não sou muito enfronhada na cultura pop americana", ela diz. "Ouço rádios independentes e passo mais tempo ouvindo flamenco, que estou estudando, do que rock." O flamenco é uma linguagem que a toca especialmente. "Para mim, é como o blues para o rock´n´roll", diz. Ainda assim, consegue apontar alguns destaques na cena do pop rock atual, como Björk e Moby. "Meu ideal de rock é uma música inovativa, original, elaborada, mas ainda assim conservando a energia do rock", ela afirma. "Rock & roll tem sido minha vida inteira; nasci nos anos 60, sou a mais velha geração que existe", brincou. Em vez de fazer elegias a Led Zeppelin ou Sex Pistols ou outros predecessores, ela prefere destacar bandas mais particulares. Não é à toa que a primeira faixa do álbum Group Therapy é Roxy, em homenagem ao Roxy Music. "Principalmente as experiências dele depois do Roxy me interessam muito, é a esse tipo de música que me refiro." Fazendo um tipo de punk encorpado por sintetizadores nos 80, o Concrete Blonde naufragou quando foi mais em direção à new wave, trazendo Paul Thompson (ex-Roxy Music) para o lugar de Harry Rushakoff. A nova safra de canções parece retomar um pouco o velho frescor, além da disposição da bem-humorada Johnette. Do disco Group Therapy, a banda deve tocar Take Me Home, Roxy, Tonight e When I Was a Fool. Mas é nos cinco discos anteriores que o repertório é centrado. "Nunca estivemos aí, então vamos caprichar na performance para a platéia que vamos ver pela primeira vez", disse Johnette. Concrete Blonde. Amanhã, às 21h30. De R$ 20,00 a R$ 100,00. Credicard Hall. Avenida das Nações Unidas, 17.955 (informações pelos tels.: (11) 5643-2500 ou (11) 6846-6000.

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