RJ: choro migra à zona sul

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Por Agencia Estado
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O choro é um gênero musical genuinamente brasileiro. E absolutamente carioca. Surgiu nos subúrbios do Rio de Janeiro, por volta de 1880. Os primeiro músicos foram Antonio Callado, Viriato Ferreira Silva, Chiquinha Gonzaga e Ernesto Nazaré. Os conjuntos que na época surgiram, em sua maioria, eram formados por funcionários públicos, que interpretavam música européia - polcas e valsas principalmente -, com um certo sotaque nacional. Foi esse novo estilo de tocar, bastante melancólico, parecido mesmo com o choro humano, que deu origem ao nome. Desde então, vem afirmando-se como um importante componente na formação da música popular e instrumental brasileira. Do sucesso atingido nos anos 40 e 50 com Waldir Azevedo , compositor de Brasileirinho, e Pixinguinha, pai de Carinhoso, o gênero ficou por muito tempo esquecido. Eram os tempos da bossa nova e do samba. Foi revivido na década de 70 por Paulinho da Viola e grupos como Novos Baianos e A Cor do Som, de Wagner Tiso. Depois deste renascimento, e até hoje, sobrevive em seu local de origem, as rodas de choro espalhadas pela cidade. Ainda existem rodas tradicionais nos subúrbios cariocas. Uma delas, restrita a profissionais e amigos do anfitrião na casa, ocorre no quintal do Sr. Alvaro, em Acarí. Por outro lado, muitos locais tradicionais, como o Suvaco de Cobra, bar em Vila Isabel famoso pelas reuniões de chorões e homéricas bebedeiras aos domingos, não existem mais. Chorando no Rio - Com o tempo, os jovens aderiram ao ritmo. Para isso, porém, migraram para a zona sul, perseguindo os ambientes onde se reúne a velha guarda. Os mais freqüentados são o Bip Bip, em Copacabana, toda terça-feira - não cobra couvert -, o Cobal de Botafogo/Espírito do Chopp na rua Voluntários da Pátria, 448 e os quiosques (Arab) à margem da Lagoa Rodrigo de Freitas. Nos dois últimos o preço de entrada é R$ 4,00. O Empório (Rua do Lavradio, 100 Lapa), excêntrico espaço onde funciona um antiquário, promove rodas de choro todas as quintas e sextas. O couvert é de R$ 5. Dentro do shopping Iguatemi, em Vila Isabel, bastante freqüentado pela garotada, o Butiquim do Martinho abre espaço para o choro toda quinta-feira. Quem dá o tom da festa é Mané do Cavaco e Paulinho da Aba. Destaca-se por ser uma réplica dos botecos cariocas dos anos 50, com figura de santo na parede, azulejo de duas cores e geladeira de madeira. Foi lá que Martinho da Vila gravou um CD, Butiquim do Martinho, com os jovens que dão canjas no espaço. O Casa da Mãe Joana (R. Sao Cristóvao, 73) não tem mais choro, apenas samba. Os donos dos bares alegam que o preço cobrado pelo ECAD é um dos fatores que dificultam a viabilização de shows de música. Outras opções são o Semente (Rua Joaquim Silva, 138) e o Puxando Conversa (Rua do Catete, 153). Espaço novo, debaixo dos arcos da Lapa, no centro do Rio, o Semente tem rodas toda terça-feira e cobra couvert de R$ 5,00. Nos jardins do Museu da República, são realizadas rodas de choro, toda segunda quarta-feira do mês, com entrada franca.

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