Rita Lee, irreverente no jeito e na forma

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Por Agencia Estado
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Quando compôs a saga do astronauta libertado, no final dos anos 60, Rita Lee imaginava um outro 2001. 30 anos depois, desiludida com as perspectivas do milênio que se aproxima, a cantora está lançando seu 27º disco, 3001, e transfere para o século 31 sua perspectiva de um mundo melhor. Contudo, se a era The Jetsons não chegou, a Miss Brasil não é uma mulher intergaláctica e a perfeição social está longe de ser alcançada, ao menos a comunicação pode ser considerada futurista. Nesta entrevista exclusiva concedida ao Estadão.com.br o contato entrevistador e entrevistado não existiu. A bem da verdade, o que temos abaixo é uma troca de e-mails, um papo virtual. Na conversa, Rita falou, digo, teclou, sobre o novo disco, comentou o empreendimento familiar que é sua banda. Fez comentários sobre o presente e o futuro. Para ela, ao mesmo tempo que o lixo cultural está cada vez mais presente, novos trabalhos de qualidade surgem no panteão da música brasileira. Aos 52 anos, mais de 30 dedicados ao rock and roll, Rita Lee continua irreverente: Estadão.com.br: Eu queria que a Rita comentasse um pouco sobre o ano 2001. É como você esperava que fosse? O que está faltando? Rita Lee Sempre projetei esta data com sendo um marco na raça humana...já estaríamos visitando Vênus...o planeta Terra estaria em plena era The Jetsons...minha Miss Brasil 2000 seria uma mulher intergaláctica...teríamos alcançado a total perfeição social planetária...viveríamos de energia solar...a tecnologia da Luz Sagrada iluminando a ciência/religião...bem, acho que viajei legal na maionese nos meus tempos de criança, ói eu aqui as voltas com Malufs e Pittas...êta terceiro milênio besta sô! Rita Lee está para o rock cantado em português, como os Stones estão para o rock em inglês? Os Stones são inglêses, um rock´n´roll bem mais sofisticado do que o americano...eu sou brasileira, meu roquenrou é patropi planetário, no meu quintal jogam tanto lixo cultural quanto pérolas...e não sendo um porco, nada contra os suínos, repeito-os não lhes comendo as carnes) não como as pérolas mas mando o lixo cultural para ser reciclado bem longe de mim. O que você tem ouvido ultimamente? Alguma banda nova, som novo? Ouço de tudo que rola no salão...o Brasil é um celeiro de talentos...há os talentosos da chatice e os talentosos da porretice...no momento gosto de várias bandas mas prefiro não dar nomes aos boys porque periga deixar alguém bacana de fora. Esse flerte com a música eletrônica que aparece em 3001 não foi gratuito. Agradam os novos ritmos como drum´n´base, jungle, trance, etc? Desde Mutantes as eletronicidades me encantam...no 3001 usei algum dos vários instrumentos antigos que coleciono nesses 33 anos de estrada como o Theremin e a velha bateria eletrônica Roland que usei em Atlantida...este tipo de música é feita para se dançar, não tenho intenção de mergulhar de cabeça nos technotrancehouse´n´basshouseacids mas confesso que música eletrônica ressussita até defunto nas pistas...dançar para não dançar é o lema, portanto me sinto em casa para mexer sem pudores nos "batestacas" da vida quando me der na vendetta. Gostaria que você falasse um pouco sobre esse empreendimento familiar que é a sua banda. Com seu marido e com seu filho segurando as guitarras É o Pai, o Filho e a Espírita Santa...não chega a ser uma família Lima, mas a nossa Leema tem um belo futuro pela frente, hehehe...tanto Roberto quanto Beto são os melhores guitarristas que já tive numa banda, o fato do parentesco até ajuda, principalmente nas horas de estresse...bem, o salário familiar também fica mais bacana, né mesmo?

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