Rita Lee e Roberto de Carvalho lançam "Balacobaco"

Clique e ouça um trecho de "Tudo Vira Bosta"

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Por Agencia Estado
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Há tempos, Rita Lee prefere saciar as curiosidades da imprensa no conforto de seu computador. Isso mesmo: por e-mail. A cantora se rendeu, sem pudores, às delícias da modernidade. O que é uma pena. Nada melhor do que acompanhar uma ponderação bem-humorada sua, seguida por uma micagem facial sempre impagável. Mas respeitemos a vontade da roqueira, ela prefere assim. "Querida, as entrevistas por e-mail são muito mais práticas, posso responder na comodidade do meu lar, nem preciso passar um batonzinho. Quer coisa mais chata do que aquele gravadorzinho que sempre emperra?", responde Rita, por e-mail, a esta inconformada repórter. Rita está divulgando seu novo álbum, o 31.º da carreira, Balacobaco, que vem embalado num projeto gráfico caprichado. Para ela, a expressão que dá nome ao disco resume bem sua parceria com o maridão Roberto de Carvalho. "Esse disco é dedicado ao amor que sinto por Roberto. Estamos casados há muitas vidas, só nesta há 27 anos", derrete-se. Segundo a cantora, "balacobaco" é uma invocação mágica inventada por uma tribo, onde o cacique era uma "cacica". "Do balacobaco é viver de música no patropi há 38 anos." Em Balacobaco, Rita retoma a boa e velha parceria com Roberto de Carvalho em quase todas as 12 faixas. O marido assina ainda a produção e os arranjos. A dupla, inspirada, fala das coisas do amor, dos malucos, das paulistanas, dos cariocas, do miserê urbano, e faz lembrar dos tempos de Mutantes. "Foi o disco mais rápido de compor e gravar de todos os que fizemos." A canção Amor e Sexo, single de rádio e parte da trilha sonora da novela Celebridade, abre o CD. A balada registra uma parceria inédita de Rita, Roberto e o cronista e cineasta Arnaldo Jabor. Rita conta que um belo dia estava lendo um texto de Jabor sobre o amor e o sexo - para ela, são "os dois pilares existenciais mais manjados da raça humana". Gostou do que leu e selecionou algumas frases, acrescentado rimas aqui e acolá. Mas curiosa mesmo é a história de Moacyr Franco e de como sua composição Tudo Vira Bosta entrou no repertório de Balacobaco. O hilário episódio, em que Moacyr relata seu receio em enviar a letra para Rita, é deliciosamente descrito pelo próprio compositor, que foi distribuído à imprensa com o material de divulgação. Rita conta que estava gravando o disco, em junho, quando recebeu a tal música. "Um dia cheguei em casa e havia um CD com um bilhetinho: ´Fiz esse roquinho Tudo Vira Bosta procê´, beijo Moacyr Franco´", conta ela. "A vida parou naquela hora e imediatamente coloquei na vitrola e pensei: Putz, esses véios ficam fazendo rock e f... o mundo. Te cuida KLB!" No rockarnaval Hino dos Malucos, Rita e Roberto, em parceria com o casal de "cumpadres" Fernanda Young e Alexandre Machado, lembram a sonoridade dos bons tempos de Mutantes. Dos Tribalistas Arnaldo Antunes, Carlinhos Brown, Marisa Monte e Dadi Carvalho, o quarto mosqueteiro, a cantora ganhou uma canção-natureba inédita, Já te Falei, feita especialmente para ela. "Atenção: só eu ganhei uma música inédita dos triba, meu", gaba-se. "É música de floresta, mato, lendas. Era difícil de decorar à primeira escuta." O novo anti-movimento caiu nas graças da veterana do rock. "Sempre simpatizei com aquela mistureba mutantesca tribalinesca." No meio do caminho entre Amor e Sexo, primeira faixa, e Hino dos Malucos, a última, Rita Lee e Roberto de Carvalho aprontam o quanto podem. Que Judy Garland que nada. A cantora deixa de lado a áurea hollywoodiana da canção Over the Rainbow, eternizada na voz de Judy e que faz a alegria dos fãs do filme O Mágico de Oz. Rita é um desses fãs. Para ela, a canção sempre a transporta para um lugar além do arco-íris.

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