Rita Benneditto lança novo disco para celebrar a natureza e a espiritualidade

Voz e estilo da cantora maranhense radicada no Rio de Janeiro continuam fiéis às origens; veja cilpes

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Por Lauro Lisboa Garcia
Atualização:

A força magnética da cabocla Jurema pulsa em Rita Benneditto antes mesmo de gravar o disco de estreia como Rita Ribeiro. Por problemas jurídicos, a cantora mudou o sobrenome artístico e lança o primeiro trabalho com a nova estampa, Encanto (Biscoito Fino), em que, movida por uma fé que tem profissão na música e na circulação de energias, avança por águas, sonoridades e aromas novos, com a parceria dos produtores e músicos cariocas Felipe Pinaud (guitarra) e Lancaster Lopes (contrabaixo). 

A voz e o estilo da cantora maranhense radicada no Rio de Janeiro continuam fiéis às origens, em constante trepidação. Além desse trabalho, que leva para o palco do Sesc Vila Mariana hoje e amanhã, Rita reencontra Jussara Silveira, com quem integrou o projeto de show e disco ao vivo Três Meninas do Brasil, ao lado de Teresa Cristina, em 2009. O disco da dupla, gravado antes de Encanto, e sem data prevista de lançamento, segue trilha similar.

A cantora Rita Benneditto lança o álbum 'Encanto' Foto: Marcio Vasconcelos/Divulgação

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Continuidade do bem-sucedido investimento em Tecnomacumba, que rendeu 11 anos de shows, um disco de estúdio, outro ao vivo e um DVD, Encanto é igualmente pontuado pela espiritualidade afro-brasileira, sem que a cantora levante bandeira religiosa. Sem a culpa das religiões “de um livro só”, Rita, adepta do candomblé e da umbanda, transforma o ritual em celebração, em festa, com a consciência da preservação de elementos vitais, como a água e as matas. 

Num momento em que atuam grandes facções de intolerância com os cultos afro-brasileiros, é importante que ela reafirme e defenda seus interesses, que têm muitos seguidores. Faz um descarrego no ambiente. “Acho que a gente trata a religiosidade africana com desdém, com indiferença, com preconceito. Ninguém se refere aos deuses africanos como mitos e com histórias fantásticas que eles têm, como fazem com a mitologia grega e romana. Por quê? Porque a condição deles para nós é a pior, a de um escravizado.”

“Pessoas que escutam meu disco sentem o alto-astral e pensam em mudanças e possibilidades, que há esperança. Pensam que são livres, que o planeta é enorme, é um útero imenso além da minha casinha, que os elementos existem e estão neles o encanto que vislumbro além da música. O que eu quero é criar vibrações energéticas sonoras pra que a gente se comunique num nível mais elevado. Acho que a música tem essa função.”

RITA BENNEDITTO
Sesc Vila Mariana. Teatro.
Rua Pelotas, 141, 5080-3000.
Hoje e amanhã, às 21 h.
Ingressos: R$ 9/R$ 30. 

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