Ringo Starr aposta mais em simpatia do que no repertório dos Beatles

Baterista fez, na noite desta quinta-feira, o primeiro show de sua terceira vinda ao País; agora ele parte para o Rio de Janeiro

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Por João Paulo Carvalho
Atualização:

Qualquer um que subisse ao palco do HSBC Brasil na noite desta quinta-feira, na zona sul da capital, seria alvo de duras críticas. Exceção feita a um beatle. Ringo Starr não é de longe um showman como Paul McCartney. Não lota estádios. Pouco menos de 4 mil pessoas estiveram no local. A performance à frente da All Starr Band é simplória e até brega. Similar a festas de bufê infantil e aniversários com músicos de fim de semana, diriam os mais ácidos. Tudo isso seria verdade se o ator principal não fosse um cara cool e boa praça.

Ringo ganha pela simpatia. Não omite que foi baterista do maior e mais imponente "conjunto" do mundo, mas também não faz disso sua única arma. Do repertório dos garotos de Liverpool, seis músicas: Boys, Don’t Pass Me By, Act Naturally, Honey Don'tYellow Submarine e I Wann be your Man. Todas elas cantadas e gravadas por ele na época dos Beatles. 

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Nem a queridinha Octopus Garden, do derradeiro disco Abbey Road (1969), apareceu na apresentação. Ringo, que não se aventura no rico repertório da dupla Lennon e McCartney, é do tipo humilde. Dá voz a sua sexagenária banda. Experientes e com longa trajetória na música, Gregg Bissonette, Rick Derringer, Gregg Rolie, Edgard Winter e Gary Wright têm seus minutos de glória com solos e apresentações personalizadas. 

O ponto alto do show, entretanto, acontece quando Ringo pega as baquetas e assume a bateria. “Eu amo vocês”, diz com um sorriso largo e fazendo gestos de paz e amor com os dedos. Alguns sucessos da carreira solo, como 'It Don’t Come Easy' e 'Photograph', também estiveram presentes no repertório.

Em Yellow Submarine, algumas bexigas amarelas apareceram em meio ao público para homenagear a terceira passagem do beatle pelo País. "Agora vou cantar uma que quase ninguém conhece. Espero que vocês me ajudem", brincou antes de apresentar seu maior hit. 

Ringo está também a bordo de um disco novo, ainda discreto em seu repertório, o primeiro de inéditas gravado com sua All Starr Band, chamado Postcards from Paradise. E seu público no Brasil acaba de ver lançado o livro infantil Octopus Garden, traduzido para o português.

Rio. Nesta sexta-feira, Ringo volta a se apresentar no Rio. A performance em si não será esplêndida. Mas, diante da figura de um beatle, tudo ali deve ser exaltado, ainda que falte um tanto de técnica. Afinal, qual o outro baterista do mundo deixaria seu instrumento ali, armado, ao lado de outra bateria, sem vaidade? A música carece da gentileza de mais Ringo Starrs. O mundo e os fãs dos Beatles agradecem.

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