Ricardo Herz conquista platéia do Prêmio Visa

Violinista correspondeu à grande torcida, apresentando composições próprias, e foi a sensação da terceira semifinal do prêmio

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Por Agencia Estado
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Com timing exemplar, desenvoltura, senso de humor, arranjos suingados, musicalidade insuspeita e repertório redondo, o violinista Ricardo Herz arrebatou a platéia da terceira semifinal do 7.º Prêmio Visa de Música Brasileira - Edição Instrumental. A grande torcida já era dele por antecipação. Tanto é que até a cantora Fernanda Porto, que fez o show de encerramento, teve a platéia um tanto esvaziada por conta disso. Depois de saber do currículo do jovem músico, paulista que vive em Paris, foi notável constatar na prática como soube aplicar a imensa gama de conhecimento, aliada à capacidade criativa. Começou em alta voltagem com o baião Mourinho (de sua autoria), em que brincou com Mourão, de Guerra Peixe. Assentou a poeira numa distinta versão do choro Ingênuo (Pixinguinha), reacendeu a fogueira com o impressionante Samba-Funk, também dele. Cada uma com formação instrumental diferente. Fechou o ciclo com outra pauleira: Ponteio (Edu Lobo/Capinan). Não é por nada, não, mas não teve para mais ninguém na noite de quarta-feira no Tom Brasil. Caíto Marcondes, o primeiro da noite, entrou com um improviso em que se prolongou no uso de onomatopéias vocais com efeitos de eco, meio pastiche de Naná Vasconcelos. Foi para o piano e atacou de clusters sobre Na Baixa do Sapateiro (Ary Barroso). Parecia querer causar impacto, mas foi só maçante. Recuperou-se com um intrigante arranjo para Canção da Partida (Dorival Caymmi), com reforço do acordeão de Lula Alencar. No final, invertendo os papéis, foi encoberto por um afiado quarteto de cordas. Caíto havia tocado direto nas cordas, o que deixou a platéia em suspense, já que o instrumento seria usado pelo Trio Curupira e poderia desafinar. Não foi esse o problema com a apresentação deles. Com a competência mais do que comprovada, André Marques (piano e escaleta), Ricardo Zoyo (baixo) e Cleber Almeida (bateria e percussão), repetiram procedimentos já vistos, diversificando andamentos, ritmos e formações por mais de uma vez na mesma música. Nenhum tema - incluindo bons momentos incidentais sobre As Rosas não Falam (Cartola) e Samba de Uma Nota Só (Tom Jobim/Newton Mendonça) - transcorreu de forma linear. Foram corretos e bem executados, mas sem surpresa ou empatia. Faltou brilho. Hoje eles inauguram uma mostra instrumental em Interlagos.

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