R.E.M. vem ao Brasil em fase madura

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

O R.E.M. chega em janeiro ao Rock in Rio em fase madura. A banda liderada por Michael Stipe acabou de gravar seu novo álbum, o primeiro desde Up, de 1998, que havia sido produzido sob o choque da saída do baterista Bill Berry. O grupo vai estrear no Brasil algumas das músicas do trabalho, além de mostrar a influência da nova sonoridade "atmosférica" explorada atualmente em seus hits antigos. Formada no início dos anos 80 em Atenas, na Geórgia (cidade de onde saiu também o B-52´s), o R.E.M. passou anos tentando provar seu valor fazendo shows pelo circuito universitário norte-americano, sem chegar ao mainstream. As letras "cabeça" e a atitude de anti-rock star de Stipe acabaram dando credibilidade à banda, que achou nas críticas políticas e sociais um gancho para seu trabalho. Em 1989, eles mostraram o poder de vendas ao flertar de perto com o pop comercial com o disco Green, que rendeu a primeira turnê mundial da banda. Dois anos mais tarde, foi a vez de acertar na loteria, graças à influência folk de Losing My Religion, que levou o disco Out of Time a vender 10 milhões de cópias. Seguiram-se os discos Automatic For the People, Monster e New Adventures in Hi-Fi, que produziram grandes hits, turnês e problemas de saúde em quase todos os integrantes. Na metade dos anos 90, o R.E.M. assinou o maior contrato da história do pop, garantindo à banda a estonteante quantia de US$ 80 milhões ao longo de vários anos. Quando a banda voltou ao estúdio para começar a trabalhar em Up, Berry anunciou que não queria mais continuar no grupo. "Tivemos que reaprender completamente a maneira de trabalhar juntos", disse Stipe à Planet Pop, no lançamento do disco. "Basicamente jogamos tudo o que sabíamos pela janela e começamos de novo." Reduzido a um trio formado por Stipe, Mike Mills e Peter Buck, a banda conseguir fazer Up dar certo - chamando mais atenção da crítica do público. O disco rendeu bons shows: acompanhados do ex-baterista de Beck, Joey Waronker, eles fizeram uma longa turnê mundial em ginásios e estádios, em que a maioria das apresentações teve ingressos esgotados - chegando a reunir 40 mil pessoas em um show na Irlanda. A primeira turnê sem Berry foi uma experiência marcante para o R.E.M.. "Primeiro tínhamos pensado em fazer os shows com baterias eletrônicas, mas achamos que não seria tão divertido e isso faria com que tivéssemos de tocar as músicas com o mesmo andamento e duração todas as noites", disse Peter Buck à Planet Pop. "O que fizemos foi adaptar tudo o que tínhamos feito para a banda e isso afetou as músicas mais antigas de uma maneira interessante." No ano passado, o R.E.M. conseguiu mostrar novamente seu poder de vendas nos Estados Unidos com a música The Great Beyond, da trilha sonora do filme Man on the Moon, que virou sucesso instantâneo no país. De quebra, eles relançaram a música que dá nome ao filme, que havia aparecido em Automatic for the People. A faixa é considerada por eles "uma das melhores letras de Stipe". "Era nosso último dia de gravação, tínhamos todo o instrumental pronto e queríamos colocá-la no disco, então ficamos pressionando Michael para terminar alguma letra", contou Mills à Planet Pop. "No último dia ele apareceu com essa idéia de falar sobre as várias teorias de conspiração dos anos 70, como a que dizia que o homem nunca foi à Lua, que Elvis estava vivo e que Andy Kaufmann nunca tinha morrido. Adoramos a idéia e gravamos." Desde a metade do ano eles estão produzindo o novo disco, que ainda não tem nome e deve chegar ao mercado em abril ou maio. Gravado em Miami, Vancouver, Dublin e Atenas (Geórgia), o álbum deve ser mais "melódico e sofisticado" do que os anteriores, de acordo com informações postadas no site oficial da banda (http://www.remhq.com ). "Foi um grande ano para o R.E.M.", diz o empresário da banda, Bertis Downs, no site. "O álbum é dinâmico e cheio de camadas." Espere ver influências de trabalhos recentes do Radiohead, por conta da amizade entre Stipe e Thom Yorke, e U2, com quem eles estiveram andando na Irlanda, durante a gravação de algumas faixas. Além de Waronker na bateria, o álbum teve participações de Scott McCaughey e Ken Stringfellow, do Posies, e produção de Pat McCarthy, que produziu Up logo depois de servir de engenheiro de gravação de Ray of Light, de Madonna. A visita ao Brasil era um plano antigo do trio, que não havia se realizado porque a banda se recusa a participar de festivais ou eventos patrocinados por fabricantes de cigarros. Influenciados pela música brasileira por conta de Waronker (por sua vez "catequizado" por Beck), os músicos tocam no Rio de Janeiro no dia 13 depois de alguns dias de férias nos Estados Unidos. Tem tudo para ser uma apresentação histórica.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.