Recital encerra série Viva Verde no CCBB

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Por Agencia Estado
Atualização:

Um recital com obras da maturidade de Giuseppe Verdi marca, amanhã no Centro Cultural Bando do Brasil (CCBB), o encerramento da série Viva Verdi que, nas últimas três semanas, apresentou trechos de todas as óperas do compositor italiano, homenageado este ano pelos cem anos de morte. O elenco, como nos outros recitais, é formado por um grupo seleto de cantores brasileiros - uma chance única de acompanhar a evolução do trabalho de grandes representantes do canto lírico nacional, muitos deles experimentando pela primeira vez um novo repertório que pode ter, no futuro, grande papel em suas carreiras. Serão apresentados trechos de Le Trouvre (versão em francês de Il Trovatore), Macbeth (segunda versão, de 1865), Aida, Don Carlo (versão em italiano, em quatro atos, de 1884), Otello, Falstaff e Simon Boccanegra (segunda versão, 1881). No elenco, a meio-soprano Regina Elena Mesquita, a soprano Edna D´Oliveira, o tenor Eduardo Itaborahy, o barítono Sandro Christopher e o baixo Pepes do Valle. Eles serão acompanhados pela pianista Vânia Pajares, e a direção cênica é de André Heller. O experiente barítono Andrea Ramus faz uma participação especial interpretando o próprio Verdi e o personagem Simon Boccanegra. Para os recitais, o diretor André Heller procurou recriar o ambiente de um sarau da época de Verdi, escolhendo a casa de Clara Maffei, grande amiga do compositor, como palco para as apresentações. Um palco no qual, por meio das cartas deixadas pelo compositor, aparecem unidas a obra e a vida de Verdi. Cada concerto da série contemplou um período distinto da obra do compositor que, com seu trabalho, redefiniu o conceito de ópera italiana. Este formato, além de apresentar ao público óperas pouco conhecidas, em especial do início da carreira de Verdi, pode, segundo Vânia, dar uma idéia da evolução da técnica do compositor. "Fazer todos esses recitais permitiu que nós pudéssemos acompanhar todas as nuances, viajar por todos os estágios da obra de um grande compositor". Vozes - E como os cantores vêem a obra de Verdi? Sandro Christopher, que interpreta nos recitais de amanhã Macbeth e Posa (do Don Carlo), ressalta que o repertório de Verdi é muito bem escrito para vozes maduras. "É preciso ter passado pela escola de Bellini e Donizetti, pelo belcanto, para adquirir a musculatura, a maturidade ideal", diz o barítono, que também chama a atenção para o equívoco da associação direta entre Verdi e vozes pesadas, fortes. De Verdi, Christopher tem em seu repertório Giorgio Germont, da Traviata, Ford, do Falstaff, e Amonasro, da Aida, que ele cantou em cena pela primeira vez em maio deste ano, em Belo Horizonte. "Foi um teste para que eu tivesse certeza que, daqui a algum tempo, este será um repertório ao qual vou poder me dedicar." Posa, assim como Iago, é um papel para o qual ele acredita estar pronto. Edna D´Oliveira, que diz ainda estar no mundo de Bellini e Donizetti, também está em "fase de testes" com Verdi. "Os três papéis que canto neste recital, Amelia, Desdemona e Aida, são papéis que eu pretendo cantar daqui a cinco, dez anos, e está sendo bom poder experimentá-los neste momento, tecnicamente é uma excelente experiência." Interpretando Falstaff amanhã no CCBB, Pepes do Valle também diz estar experimentando um novo território, que um dia pode ganhar maior espaço em seu repertório.O tenor Eduardo Itaborahy, que já cantou Aida, Traviata, Macbeth e Rigoletto, vê esse tipo de trabalho como uma possibilidade de amadurecimento. "Quando se estuda a partitura para cantar o papel, o cantor passa a conhecê-la de fato, pode avaliar com mais clareza as referências que já tinha, vindas de gravações." Viva Verdi. Terça-feira, às 13 e às 17 horas. R$ 6,00. Centro Cultural Banco do Brasil. Rua Álvares Penteado, 112, tel. (11) 3113-3600.

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