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Rappin Hood mostra que o rap também é brasileiro

"Quero fazer o rap brasileiro. Eu não cresci ouvindo James Brown, mas aprendi a ouvi-lo. Eu cresci ouvindo Martinho da Vila, Djavan", diz Rappin

Por Agencia Estado
Atualização:

Das atrações do Hip-Hop Experience, o grupo Possementezulu, formado por Rappin Hood, DJ Marco e Johnny MC, é o mais engajado nas questões sociais da cultura hip-hop. Ele se apresenta apenas quinta-feira, por volta da meia-noite. O Possementezulu destaca-se em meio à abundante cena rap nacional que, apesar de importante para a música popular, inovando a composição de forma tosca e enfrentando as leis do mercado fonográfico, promove muita porcaria. Ice Blue, integrante dos Racionais MC´s, acredita que 2001 deve ser o ano da filtragem disso tudo. Será com o disco-solo de Rappin que se confirmará a criatividade do grupo que ainda não lançou CD. "Acho que a gente já é diferente nesse lance de não estar apressado para gravar e estamos há dez anos de estrada", conta Rappin. "Fazemos shows e as músicas não existem para vender. Se existe é pirata, alguém que gravou o programa Ensaio, do Fernando Faro, pois lá a gente tocou de tudo, foi ótimo (o Possementezulu foi o único grupo de rap a ser entrevistado no programa)." Eles ficaram mais conhecidos a partir de 98, quando investiram no single independente Revolução Parte 1, com a música Sou Negão, produzido pelo selo Raízes Disco (parceria de Rappin e o DJ KLJay, dos Racionais). Sujeito Homem é o nome do CD de Rappin. "Eu estava na correria de fazer o disco do meu grupo, mas a Trama (gravadora) resolveu me bancar. Este ano foi bom para o rap, pois muita gente boa encontrou gravadora, como o 509-E (grupo do presídio Carandiru), o melhor de 2001 para mim", conta ele. "É a realização de um sonho que estava guardado nos meus cadernos. É um disco pessoal, que fala da minha quebrada, a Vila Arapuá, ao lado da Favela Heliópolis, e dos meus amigos." O álbum deve sair ainda no início do primeiro semestre de 2001, pois boa parte está produzida. Guardado nos cadernos de Rappin estava o sonho de mostrar que o rap é também música brasileira. "Quero fazer o rap brasileiro. Eu não cresci ouvindo James Brown, mas aprendi a ouvi-lo. Eu cresci ouvindo Martinho da Vila, Djavan. O Marcelo D2 fez um ótimo trabalho sozinho com essa mistura", conta. "Só que eu também não quero doutrinar o rap, cada um faz o seu, o movimento é livre, mano, mas também não quero ver o rap somente pop. Ele tem de ter função social." Em Sujeito Homem, Rappin contou com a participação de Lecy Brandão, da dupla Caju e Castanha, das cantoras de rap Lady Cris (do grupo Lady Rap) e da jovem Paola. Outra figura feminina especial no CD é a sua irmã que, segundo ele, só participa do disco porque são irmãos, pois ela é evangélica. "Ela só canta dentro da sua igreja e muito bem. Se for gravar um dia, será um CD gospel", acrescenta.

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