Rapper X volta à ativa em disco solo

Vocalista do Câmbio Negro, banda brasiliense de rap que acabou em 1998, lança Um Homem Só, um disco limpo, com poucos samplers

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Por Agencia Estado
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Depois ter sido apedrejado pelos puristas no início dos 90 por incluir guitarras pesadas ao rap, o grupo brasiliense Câmbio Negro poderia agora colher os frutos de seu pioneirismo: o híbrido rock-rap ganha espaço, bandas e fãs. Mas preferiu terminar as atividades após lançar em 98 um CD elogiado e vencer no ano seguinte o prêmio de melhor videoclipe de rap concedido pela MTV. A principal voz do grupo - e também do hip hop nacional, não só pelo discurso, mas também por seu tom de baixo - , o rapper X (lê-se ´ex´), volta à ativa em CD solo. Um Homem Só (Trama, cerca de R$ 22) é uma amostra da inquietude do sujeito e da opção por não se manter em fórmulas consagradas. O disco não lembra seus tempos de Câmbio Negro, não há guitarras sujas. É limpo, econômico até nos samples usados.Só uma característica remonta à antiga banda: a maior parte das músicas são tocadas de fato, as bases de baixo e violão têm a mão de Bell, ex-companheiro de Câmbio, ou do baixista Sidney Fleury. DJ Marcelinho, outro amigo dos tempos de banda, também participa. "Não queria ficar com a cara do Câmbio. Preferi violões e não guitarras. Usei poucos samples pois queria músicas mais limpas", diz X, que integra a chamada "old school" do hip hop. O disco reflete essa origem: tem batidas mais lentas, do tipo break. Quanto aos samples, há de Cláudio Zoli até a dupla Duofel. São 12 faixas e mais agradecimentos e uma entrevista. Quem É Você? abre o CD. Uma resposta aos que "falaram e falam" contra o rapper: "É muito fácil quem tá fora criticar / diga sinceramente se o que quer não é o meu lugar". Em Só Mais um Dia, X toca num tema caro ao rap, a vida de presidiário. No seu caso, não se trata de hipocrisia. O rapper participa de projetos com crianças carentes e faz oficinas de rap em presídios. Há uma versão acústica dessa faixa no fim do disco, em ambas o cantor Pedro Mariano abusa em um refrão metido a gospel. Em Aprender a Votar, o rapper narra uma periferia que pode ser a sua Ceilândia, em Brasília, ou outra qualquer do Brasil. Casa Grande e Senzala, citação a Gilberto Freire, traz a participação de Rodolfo, dos Raimundos, nos vocais.

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