
30 de julho de 2019 | 07h19
ESTOCOLMO - O rapper americano A$AP Rocky, personagem principal em uma série de atritos diplomáticos entre a Suécia e os Estados Unidos, alegou legítima defesa na abertura, nesta terça-feira, 30, do seu julgamento por envolvimento em uma briga em Estocolmo em junho.
O artista apareceu algemado, vestindo uma camisa verde e calça esportiva, e com uma expressão firme, em uma sala de audiência lotada, na presença de sua mãe, Renee Black. Diversos meios de comunicação internacionais, especialmente americanos, estão cobrindo o julgamento.
A$AP Rocky, de 30 anos, cujo nome verdadeiro é Rakim Mayers, foi colocado em prisão preventiva no dia 3 de julho ao fim de um show com outras três pessoas em razão de uma briga no dia 30 de junho na capital sueca. Dois dias depois, um tribunal ordenou sua prisão alegando "risco de fuga" para o exterior.
Em um vídeo publicado pelo site TMZ, o artista, que estava em Estocolmo para um show de sua turnê europeia, é visto jogando um jovem no chão e batendo nele. Em outros vídeos postados na conta do rapper no Instagram, A$AP Rocky pede várias vezes a dois jovens que parem de segui-lo.
O rapper atuou em "legítima defesa", alegou seu advogado, Slobodan Jovicic, na abertura da audiência. Contudo, o artista "admite ter jogado a vítima no chão, pisado em seu braço e socado ou empurrado o ombro".
A acusação considera que o ato foi voluntário e que "os fatos são constitutivos de um crime apesar dos argumentos da defesa".
O julgamento começou às 9h30 (4h30 em Brasília) no Tribunal de Estocolmo e seguirá até sexta-feira. Dois membros da equipe do rapper também serão julgados. Se for considerado culpado, A$AP Rocky receberá como pena até dois anos de prisão e multa.
Em fotos da vítima feitas por investigadores no dia 30 de junho e divulgadas na semana passada pela imprensa sueca, feridas profundas são vistas em várias partes do corpo.
Um dos dois queixosos - há apenas um no processo criminal - também atingiu um membro da equipe do artista e uma investigação paralela foi aberta, mas a Promotoria abandonou o processo judicial, afirmando que ele havia apenas respondido à agressão da qual foi vítima.
Vários deputados americanos pediram à Suécia que liberte o artista e o ex-embaixador dos EUA em Estocolmo Mark Brzezinski informou em meados de julho que contatou o Ministério das Relações Exteriores da Suécia e a Casa Real para denunciar uma "injustiça racial".
Mas o advogado do rapper de Nova York rejeitou essa acusação, afirmando em entrevista coletiva que a Suécia "não é uma sociedade racista".
Desde que foi preso, amigos e fãs do artista pedem sua libertação. Mais de 630 mil pessoas assinaram uma petição online e uma campanha foi lançada nas redes sociais para encorajar os fãs do artista a boicotarem marcas suecas, como a Ikea.
A situação de A$AP Rocky chegou à Casa Branca, onde Donald Trump disse que estava disposto a se apresentar "pessoalmente" como garantia. Mas ao contrário do que acontece nos EUA, a Suécia não possui um sistema de libertação sob fiança e sua Justiça permite que um réu permaneça em detenção provisória até o seu julgamento.
"Muito decepcionado com o primeiro-ministro Stefan Lofven por ser incapaz de agir. A Suécia decepcionou a Comunidade Afro-Americana", disse Trump em sua conta no Twitter, que acrescentou: "Deem a A$AP Rocky sua liberdade". / AFP
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