PUBLICIDADE

Quinteto em Branco e Preto lança álbum de estréia

Conjunto paulistano que virou fenômeno do mundo do samba lança nesta quarta Riqueza do Brasil e faz show de lançamento no Sesc Ipiranga

Por Agencia Estado
Atualização:

O Quinteto em Branco e Preto lança nesta quarta-feira o esperadíssimo disco de estréia, Riqueza do Brasil, pela sempre admirável gravadora CPC-Umes. O show de lançamento começa às 21 horas, no Sesc Ipiranga, com entrada franca - retire cedo o seu ingresso. O fã-clube dos meninos já é muito grande e o segue onde quer que eles se apresentem. Gente de todas as idades - crianças que estão aprendendo a gostar do bom samba, veteranos do gênero - e vinda de todas as partes da cidade. Trata-se de um fenômeno que tomou de assalto o mundo do samba - não apenas o paulistano. O Quinteto em Branco e Preto é formado por jovens da periferia da cidade. São dois irmãos pretinhos - como eles se dizem - que vêm de Santo Amaro, na zona sul, Magno e Maurílio, e três irmãos branquinhos, de São Mateus, na zona leste, Yvison, Everson e Victor Hugo. Andavam os dois grupos de irmãos pelas rodas de samba, cruzando a cidade, de um lado para o outro: afinal, em 1997, um encontro não marcado, no já fechado bar Boca da Noite, na Bela Vista, a identificação, a inevitável formação do conjunto. O Boca da Noite era ponto obrigatório de parada de Beth Carvalho, quando vinha aqui. Beth adorou os meninos e virou madrinha deles. Batizou-os, primeiro, de Quinteto Café com Leite. Mas foi descoberto que já havia um grupo com esse nome - e um grupo de música vagabunda. Mudança rápida, a cantora sugeriu Quinteto em Branco e Preto. Rapidamente, o grupo começou a ocupar todos os espaços do samba - afinal, eles tocam bem, cantam bem, compõem bem, arranjam bem, são bonitos, alegres, simpáticos e muito, muito talentosos. Do pouco tempo em que o Quinteto se formou para cá, tornou-se o acompanhante oficial dos bambas que visitam a cidade e também dos da cidade - por exigência deles. Nei Lopes, Luís Carlos da Vila, Monarco, Noca da Portela, Walter Alfaiate, Wilson das Neves, Almir Guinéto, Mauro Diniz, Moacyr Luz, Germano Mathias, Oswaldinho da Cuíca, Carlinhos do Cavaco, Arlindo Cruz, Sombrinha - para falar de alguns - não dispensam a participação dos meninos em suas apresentações. Dá-se, aqui, um enriquecimento - tocando com tal turma, o Quinteto foi não apenas construindo repertório amplo e da melhor qualidade como aprendendo todos os pulos-do-gato que transformam o tocador ou cantador de samba em sambista. E eles já eram sambistas. Só fizeram melhorar, amadurecer, enriquecer-se. Méritos a quem o mereça: produtor de espetáculos de samba, dublê de fã, Carmo Lima pôs a garotada em contato com os primeiros bambas. Alguém precisava dar o passo inicial - mil pontos para o Carmo. E alguma gravadora precisava mostrar interesse por esses meninos extraordinários, mas que gravadora, no Brasil, está interessada em boa música? Só as pequenas, independentes (no sentido mais puro da palavra: gravadoras que não dão tanta bola assim para o mercado, e muita importância à qualidade de seus lançamentos). A CPC-Umes chegou na frente. Mil pontos para a CPC-Umes. O disco começou a ser gravado no fim do ano passado e adiou-se o lançamento em alguns meses por questões industriais - mas valeu a espera. A direção musical, bem como os arranjos de cordas e sopros são do grande Luizinho Sete Cordas, outro mestre que aposta todas as fichas no Quinteto. Grandes músicos, como Mauro Diniz (cavaquinho), Pratinha (flauta) ou Gerson Martins (repique de mão) e Chocolate (cuíca) tocam com os integrantes do quinteto. Beth Carvalho faz participação especial em Sempre Acesa, samba inspirado de Sombra e Luiz Carlos da Vila; Almir Guinéto empresta a voz que é rouca e melodiosa a Reveses, bela composição de Maurílio de Oliveira, o cavaquinhista do Quinteto, e Edvaldo Galdino; Wilson das Neves está com a turma em O Tempo em Que Eu Era Criança, dele e de Paulo César Pinheiro. Poucas vezes uma formação - ou um artista - estreante pôde contar com tantos trunfos num disco de estréia. Se considerarmos que é um grupo paulistano de samba, a coisa é ainda mais rara. Mas é que o Quinteto está na proa do movimento que está repondo o gênero nos trios. Movimento que teve em Beth Carvalho, em Christina Buarque, em Almir Guinéto, Zeca Pagodinho, Nei Lopes e outros da estirpe o poder de resistência; o Quinteto é fruto do trabalho de resistência deles. A maior parte das composições de Riqueza Brasileira é de integrantes do grupo - e são composições extraordinárias -, mas eles não deixariam de mencionar as fontes em que se alimentaram. Assim, além das mencionadas, estão no repertório Amor Malfazejo, de Wilson Moreira e Nei Lopes, Nem Pensar em te Perder, de Monarco e Mauro Diniz, Quero lhe Ver em Meus Braços, de Nelson Cavaquinho e Wilson Moreira, um pot-pourri que junta Ataulfo Alves, Wilson Batista, Ismael Silva Bide, Marçal, Geraldo Pereira e Noel Rosa, Cantar para não Chorar, de Paulo da Portela e Heitor dos Prazeres e outro pot-pourri, com sambas de quadra da Camisa Verde e Branco, alguns registrados pela primeira vez. O Quinteto está fazendo música e história. Quinteto em Branco e Preto - Quarta-feira (08), às 21 horas. Entrada franca. Sesc Ipiranga. Rua Bom Pastor, 822, tel. 3340-2000.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.