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Quarteto de Nova York evoca garotas brasileiras

O Brazilian Girls, que não tem nenhum brasileiro na formação, faz som que mistura bossa nova, samba, tango, pop, rock, house e reggae Ouça a faixa Me Gusta Cuando Callas

Por Agencia Estado
Atualização:

É natural que um grupo chamado Brazilian Girls atraia a atenção do público brasileiro e que o álbum homônimo de estréia do quarteto formado em Nova York seja lançado aqui. A escolha de um nome para a reunião de quaisquer quatro pessoas - no caso, Sabina Sciubba (voz), Didi Gutman (teclados), Jesse Murphy (baixo) e Aaron Johnston (bateria), nenhum deles nascido no Brasil - é uma espécie de carta de intenções. Pensemos: o que nome Brazilian Girls evoca no exterior? Sofisticação com um sabor retrô, a Garota de Ipanema, garotas bonitas, garotas fáceis, travestis, turismo sexual? Tudo isso junto? A música do Brazilian Girls é, definitivamente, um caso de "tudo isso junto". Tem bossa nova, samba, tango, pop, rock, house, reggae, balcanidades e latinidades várias. Logo, o CD não é ruim; é irrelevante. Até aí, porém, estamos nos conformes: ao menos 90% da música produzida no mundo, em qualquer época, local ou estilo, é irrelevante. Numa boa. Os 10% restantes são os que mantêm a coisa rodando. Brazilian Girls, a banda, formou-se em torno de uma discoteca de Nova York, a Nublu, quartel-general também do Wax Poetic e da Nublu Orchestra. Sabina Sciubba nasceu em Roma e, antes de chegar ao Brooklyn nova-iorquino, passou por Nice, na França, e Munique, na Alemanha, além de gravar dois discos de jazz. Esta biografia se traduz, na informação digital de Brazilian Girls, por canções entoadas em cinco idiomas: francês (por exemplo, Homme), inglês (Don?t Stop), alemão (Die Gedanken Sind Frei/ Thoughts Are Free), espanhol (Me Gustas cuando Callas) e italiano (um rap dentro de Lazy Lover). O melhor momento do álbum é Me Gustas cuando Callas, poema do chileno Pablo Neruda musicado com um pouco mais de emoção do que as outras 11 faixas. Nestas, a ânsia por sofisticação é tamanha que se torna impenetrável a qualquer sentimento.

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