Quarteto Amazônia grava discos na Áustria

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Por Agencia Estado
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O Quarteto Amazônia, um dos principais grupos de câmara brasileiros, está na Áustria, onde grava dois discos, um deles dedicado à música brasileira de compositores como Alberto Nepomuceno e Alexandre Levy e outro, uma homenagem à compositora croata Dora Pejacevic. A agenda do grupo na Europa também inclui uma turnê pelo país e uma série de concertos, a partir da última semana de março, em cidades da Itália, Alemanha e Inglaterra. Passando, em média, mais de 12 horas nos estúdios da Rádio de Viena, Cláudio Cruz, Igor Sarudiansky, Horácio Schaeffer e Alceu Reis responderam às perguntas enviadas pela reportagem por e-mail, durante uma viagem de trem de Viena a Fohnsdorf, onde se apresentaram na quinta-feira. A escolha do repertório dos discos pautou-se, segundo os integrantes do grupo, pela necessidade de resgate de autores brasileiros. "Como brasileiros, temos a obrigação de trabalhar e redescobrir o acervo musical precioso e renegado que temos." O grupo escolheu o Quarteto n.º 3, de Alberto Nepomuceno, a Sonata para Cordas, de Carlos Gomes, e o Quarteto, de Alexandre Levy, essa última a grande novidade do disco. "As de Nepomuceno e Carlos Gomes são mais conhecidas, mas passaram por uma pesquisa rigorosa de correção de materiais editados por outras pessoas, e buscamos chegar o mais perto possível do que o compositor escreveu; já o Quarteto de Levy é pouco conhecido e tocado, sendo essa a sua primeira gravação." Música brasileira - A música brasileira é parte bastante significativa do repertório do quarteto, que inclui também peças de Bela Bártok, Beethoven, Brahms, Debussy, Dvorak, Grieg, Mozart, Ravel, Schubert e Schumann. O grupo já gravou os Quartetos n.ºs 7, 8, 9, 10 e 11, de Villa-Lobos, último volume dos cinco que compõem a integral do compositor iniciada pelo Quarteto Bessler-Reis para o selo Kuarup. Além disso, também já gravou os dois Quartetos de Lorenzo Fernandes. Peças de Guilherme Bauer (Quarteto n.º 2), Edino Krieger (Telas Sonoras para Quarteto) e Alberto Nepomuceno (Quartetos) também aparecem em apresentações feitas pelo conjunto no Brasil e no exterior. Para eles, a gravação dos discos, assim como o crescente número de convites para participar de festivais como o Carinsthischer Sommer e Eggenberger Schlosskonzerte, evento que ocorre no verão, patrocinado pela ORF (rádio austríaca), mostram que o trabalho do grupo é mais conhecido fora do que dentro do Brasil. "Essas oportunidades só nos foram dadas aqui e acreditamos que isso, de certa forma, retrata a dificuldade do músico no Brasil", afirmam os artistas. E eles sabem do que estão falando. Todos eles trabalham em orquestras brasileiras e sabem como é difícil encontrar espaço, ainda mais quando se tem a intenção de promover e resgatar o repertório nacional. Cláudio Cruz, atualmente spalla da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo, é, hoje, um dos principais violinistas brasileiros e também tem desenvolvido carreira como solista. Em 1995, interpretou o Concerto Duplo de Brahms com Antonio Meneses e as orquestras Sinfônica Municipal e Sinfônica Brasileira. Sarudianski, que começou seus estudos com seu pai e aperfeiçoou-se com o próprio Claúdio Cruz, também faz parte dos quadros da Osesp. Premiado duas vezes no Concurso Jovens Solistas da Osesp, participou da turnê da New World Symphony Orchestra pela Argentina, sob regência do norte-americano Michael Tilson Thomas. O violista Horácio Schaefer desenvolveu, ao longo dos anos, intensa atividade internacional, que culminou com sua presença nos quadros da Orquestra da Rádio de Frankfurt e no sexteto de cordas da orquestra. Também foi membro da Orquestra de Câmara Deutch Bach Solisten, spalla das violas da Orquestra Filarmônica de Esses e violista do Quarteto Ravel. Quando o assunto é a música de câmara, recebeu a orientação dos integrantes do renomado Quarteto Amadeus. É o atual spalla do naipe das violas da Sinfônica do Estado. Aluno de Pierre Fournier, o experiente violoncelista Alceu Reis completa o quarteto. Também desenvolve carreira como solista e já gravou uma série de discos com quartetos de compositores como Villa-Lobos, Verdi, Puccini, Carlos Gomes e Gounod. Seu disco com peças de Cezar Franck foi considerado pelo New York Times como a melhor gravação de quartetos do ano de 1988. Atualmente, é professor da UniRio e spalla dos violoncelos da Orquestra Sinfônica do Teatro Municipal do Rio de Janeiro.

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