"Programa" condensa as muitas fases de Lulu Santos

Seu novo álbum, com que festeja 20 anos de carreira, passeia pelos diversos estilos que já assumiu. Marca também o retorno de Herbert Vianna, na faixa 4 do 5

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Por Agencia Estado
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Lulu Santos fez 49 anos no dia 4 e, para comemorar, fez o que faz sempre: lançou um disco novo, o seu 17.º álbum. Um disco que, ainda por cima, festeja 20 anos de carreira. Seu primeiro álbum, Tempos Modernos, saiu em 1982. Programa (BMG), o novo CD, é considerado por Lulu Santos uma espécie de "cápsula do tempo". Aquele tipo de fenômeno que, como dizia Barthes sobre a pedra de Bolonha, consegue aprisionar todas as luzes de um longo dia. "No decorrer dos 47 minutos, esse disco refaz meus 20 anos de carreira, do popbras dos anos 80, passando pela fase eletrônica, pelo popsambalanço com Marcos Valle e chegando até a paródia, que é a marchinha Eros & Thanatos", conceitua o cantor e guitarrista. De todas essas fases, avalia Lulu, o que permanece após 20 anos de palco & hits de rádio é o "pop roqueiro brasileiro fazedor de canções". Um sujeito que tem no currículo alguns dos maiores sucessos da música popular, como Maresia (com Gabriel o Pensador) e Como Uma Onda. "O que permanece constante é o fato de eu me exprimir por meio de canções", diz Lulu Santos, que exercita esse coté já testado e aprovado também com outros parceiros em seu disco. Os convidados são Marcos Valle e Ed Motta (em Walkpeople) e Bernardo Vilhena (Salto Fino, uma canção de 1979 que recebeu novo tratamento). O nome do disco, Programa, segundo explica, é referência a um termo utilizado no livro Red, Green and Blue Mars, de Kim S. Robinson, uma ficção científica na qual as personalidades humanas são chamadas de "programas". Obviamente, admite outros significados, como uma noitada pelo Rio afora. Sarcástico como sempre, Lulu Santos usa suas canções às vezes como suportes musicais de suas teses, às vezes apenas como comentários sociais, croniquetas do dia-a-dia. É o caso, por exemplo, da divertida faixa Figurativa, no qual examina uma personagem urbana típica. Na gíria carioca, é a garota "ploc". "A casa dela é de desenho animado/ É tudo overdecorado". Segundo Lulu, Ploc é aquela menina que usa miniblusa com estampa das Meninas Superpoderosas, não é exatamente mais uma menina, tem cabelo de duas cores e prendedor colorido. Ele inspirou-se na filha de sua ex-mulher, Scarlett Moon Chevalier, para escrever a canção. Herbert - O novo álbum (assim como o mais recente de Gilberto Gil, os dois lançados essa semana) marca o retorno de Herbert Vianna ao front da música pop, após o acidente que quase o matou, em fevereiro do ano passado. A faixa é 4 do 5, referência ao dia do aniversário dos dois músicos, Lulu e Herbert. Lulu conta que, no início ainda de sua carreira, estava esperando um ônibus na Rua São Clemente, em Botafogo, quando foi abordado por um garoto. "Você não é o Lulu Santos, do Vímana?", perguntou o sujeito. "Ele começou a me entrevistar com um bloquinho e uma caneta Bic", lembra. O garoto era Herbert Vianna. Lulu, atencioso, pegou o telefone dele e ao longo de uns tempos, trocaram idéias. "No coro da música, Só faço com você, tem a voz do Herbert, do João Barone, da Paula Toller, pessoas que, àquela altura, não tinham gravado um disco ainda", lembra. Depois, as trajetórias artísticas os mantiveram afastados. "Quando aconteceu o acidente com o Herbert, aquilo me fez lembrar que era uma pessoa da minha vida, isso me reaproximou dele". O show do álbum Programa estréia no dia 12 de julho, no ATL Hall, no Rio de Janeiro. Na primeira semana de agosto, chega a São Paulo.

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