PUBLICIDADE

Produtora estuda propostas para suceder ao Free Jazz

Segundo Monique Gardenberg, idealizadora do Free Jazz, há "um desejo forte" de dar continuidade à experiência. Ela agora estuda novos patrocínios

Por Agencia Estado
Atualização:

O fim do Free Jazz Festival, que já foi considerado por publicações estrangeiras como o terceiro maior evento musical do mundo (envolveu 270 artistas do mundo inteiro, em shows para uma platéia de 450 mil espectadores) começa a gerar especulações sobre seu sucessor. Durante a edição de 2001 da mostra, alguns candidatos já estavam pleiteando a produção, entre eles uma administradora de cartão de crédito e um fabricante de bebidas. A produtora Monique Gardenberg, dona da Dueto Produções (que realizava o evento), disse que estuda propostas dos novos patrocinadores para reativar o festival, mas que, mesmo que encontre algum rapidamente, teme não poder fazer outra mostra ainda este ano. Segundo Monique Gardenberg, as 15 pessoas do núcleo da Dueto que trabalham na produção do Free Jazz desde 1984 têm "um desejo forte" de dar continuidade à experiência. "Temos vontade de viabilizar um novo festival, de preferência com esse elenco (o cast que já estava sendo contratado para o Free Jazz 2002), que era motivo de entusiasmo para todos nós." "Desde maio, quando começou a turbulência do dólar, tudo tem ficado mais difícil", contou Monique. "Estávamos tentando fechar o melhor de todos os Free Jazz, com a intenção de deixar uma lembrança inesquecível do festival, mas a cada dia a verba se reduzia." Esse elenco com o qual negociava, ela disse, deve se manter para o próximo evento. Iniciado em 1985 como uma aventura de Monique e sua irmã Sylvia (morta há dois anos, de um câncer no pulmão), o Free Jazz foi o mais ousado e influente festival de música do País. Espalhou tendências e antecipou movimentos. Trouxe gente como Steve Wonder, Sonny Rollins, Sarah Vaughan, Gil Evans Orchestra, The Modern Jazz Orchestra, Art Blakey and The Jazz Messengers, John Zorn, Philip Glass, Kraftwerk, Björk. Nas últimas edições, firmou o Jockey Club de São Paulo e o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro como "sedes", juntando cerca de 30 mil pessoas em cada edição. Segundo os organizadores, até o ano passado foram 6.500 pessoas trabalhando na sua produção. O evento foi muito criticado por ser um "falso" festival de jazz, trazendo mais atrações pop do que estrelas do gênero que lhe emprestava o nome. Mas a qualidade do jazz que se ouviu na mostra sempre foi acima de qualquer suspeita. Foi no palco do festival, por exemplo, que o contrabaixista Ray Brown fez um dos seus últimos grandes espetáculos, assim como Art Blakey e Tito Puente. Antenado com as tendências da música eletrônica, o Free Jazz radicalizou essa faceta nos últimos anos, confrontando Kraftwerk com Massive Atack e trazendo rebeldes como Aphex Twin e Roni Size.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.