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Processo ameaça volta do The Doors

O baterista original do conjunto entrou com ação contra os ex-colegas, que ensaiam uma volta aos palcos com nova formação. Densmore ficou de fora do projeto, alegando que Morrison é insubstituível, e em seu lugar entrou o ex-Police Stewart Copeland

Por Agencia Estado
Atualização:

Com nova formação, o The Doors tem seu retorno agendado para depois de amanhã, no Universal Amphitheater de Los Angeles. Mas tudo ainda depende da ação que o baterista original do grupo, John Densmore, resolveu mover contra a formação atual da banda: Ray Manzareck, Robby Krieger, Ian Astbury e Stewart Copeland. O músico alega que os fãs vão ficar confusos com o uso do nome e do logo original do The Doors e sugere que eles escolham outro nome. "Não ligo que eles toquem as nossas músicas, com tanto que se chamem The Windows (As Janelas), The Hinges (As Dobradiças) ou qualquer outra coisa", disse ele. A volta do The Doors começou a ser orquestrada em 2001, quando o canal por assinatura VH1 convidou os remanescentes do grupo para gravar um programa especial. Densmore acabou ficando de fora por problemas de saúde e Copeland, ex-baterista do The Police, assumiu o lugar. Nos vocais, alternaram-se nomes como Astbury, Scott Weiland, do Stone Temple Pilots, e Scott Stapp, do Creed. A experiência foi tão bem sucedida que eles começaram a planejar uma turnê e a gravação de um disco com material inédito. Densmore resolveu não participar porque discorda da idéia de substituir Jim Morrison, cuja morte em 1971 interrompeu a carreira da banda. "Fazer um tributo com vários cantores é uma coisa, mas tentar repor Jim com outro cantor é a mesma coisa que ter uma banda cover", disse o músico à revista americana Rolling Stone. Apenas poucos dias antes da primeira apresentação é que o baterista resolveu levar a insatisfação para os tribunais. Ele alega que sua carreira profissional (ele é o integrante de uma banda chamada Tribal Jazz) vai sofrer porque o mercado interpretaria sua não participação como falta de capacidade. "Não quero dinheiro, só estou tentando manter a integridade do que começamos", disse ele. Embora Morrison fosse o front-man do The Doors, a banda era uma cooperativa de quatro partes iguais. A família do cantor e de sua mulher, Pamela Courson, administram um quarto do patrimônio. Em uma tentativa de colocar panos quentes no problema, a nova encarnação da banda foi rebatizada de The Doors for the 21st Century. Densmore alega, no entanto, que no material promocional, a adição quase não é percebida, principalmente porque está sendo usado o logotipo original, que apareceu no primeiro álbum do The Doors. No site oficial do grupo, no endereço www.thedoors.com, há referências tanto aos shows da banda quanto aos trabalhos-solo de Densmore. Formado originalmente em 1965 em Los Angeles por Morrison, Manzareck, Krieger e Densmore, o The Doors é a mais influente banda americana do fim dos anos 60. A mistura de letras poéticas, teclados psicodélicos e guitarras influenciadas pelo blues se destacou do resto da sonoridade produzida na Califórnia na época, transformando músicas como Light My Fire e L.A. Woman em clássicos instantâneos. Além da importância da sonoridade do grupo, Morrison também conseguiu rapidamente se transformar em um misterioso ídolo capaz de despertar a sexualidade de garotas de todas as idades e criar uma empatia quase religiosa com os homens. Com o sucesso de discos como Waiting For the Sun, de 1968, e Soft Parade, de 1969, ele passou também a explorar outras áreas, como a direção de filmes. Com a morte de Morrison (de parada cardíaca causada por uma overdose de heroína) em 1971, a banda perdeu o rumo. Depois de cogitar a substituição do cantor por nomes como Iggy Pop, eles lançaram L.A. Woman e Weird Scenes Inside the Gold Mine e, em 1973, seguiram caminhos separados - sem nunca atingir o sucesso do The Doors. Em 1978, o disco An American Prayer - Jim Morrison, em que o cantor recitava poesias, ajudou a reacender a chama. A maior ironia é que a melhor fase da banda começou nos anos 80 e durou até a metade dos 90. Impulsionado pelo lançamento da biografia Alive She Cried, em 1983, e pelo advento da MTV, vários discos do The Doors foram relançados e a banda foi descoberta por uma nova geração. Em 1991, o filme The Doors, de Oliver Stone, ajudou a impulsionar ainda mais a venda de discos.

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