PUBLICIDADE

Primeira edição projetou rock nacional

Barão Vermelho, Blitz, Kid Abelha, Lulu Santos, Paralamas do Sucesso e até os veteranos Rita Lee e Erasmo Carlos fizeram o Rock in Rio de 1985

Por Agencia Estado
Atualização:

Em 1985, a pergunta mais freqüente era: o que o jazzista Al Jarreau estava fazendo ali? No meio de um festival que tinha Iron Maiden, Whitesnake, Yes, AC/DC, Nina Hagen, Ozzy Osbourne e Queen - uma programação predominantemente roqueira -, o que fazia aquele velho chansonier na parada? No fim, ninguém reclamou do show de Al Jarreau, muito menos do de James Taylor, outro bardo deslocado. Ninguém queria saber também se a candidatura de Tancredo Neves representava a cisão definitiva com um passado antidemocrático. O Brasil ainda se debatia para decifrar nomes como new wave, punk rock, heavy metal. Naquele cenário, o primeiro Rock in Rio teve um mérito inegável: ajudou a projetar as primeiras bandas do incipiente rock nacional, que dava seus primeiros passos naqueles tempos pós-Raulzito e Mutantes. Barão Vermelho, Blitz, Kid Abelha, Lulu Santos, Paralamas do Sucesso e até os veteranos Rita Lee e Erasmo Carlos estavam presentes, ao lado de medalhões da MPB, como Alceu Valença, Elba Ramalho, Ney Matogrosso, Moraes Moreira e Gilberto Gil. "O maior medo dos pais há 15 anos (assim como os de hoje) com relação ao Rock in Rio era a violência", conta Niége Caldas da Silva, que foi ao primeiro Rock in Rio quando tinha apenas 20 anos. "Metaleiro era sinônimo de baderneiro, show de rock de consumo de drogas e orgias, e outras coisas mais", lembra. Hoje em dia, segundo ela, o medo maior diz respeito à segurança externa ao show, e não a interna. "O máximo que assisti foi um batedorzinho de carteira enfiando a mão no bolso de um distraído", recorda-se Niége. Ela diz que estava lá para ver o Queen e não dava muita atenção aos outros grupos. Só quando acabou o show do Iron Maiden é que começou a entrosar-se com as pessoas ao seu redor, "que na grande maioria também eram fãs do Queen". "Uma coisa muito engraçada era a quantidade de argentinos caracterizados como Freddie Mercury", lembra. "O show todo foi inesquecível e agradeço a Deus a oportunidade de tê-lo visto antes da morte de Freddie." Ela conta que não foi ao segundo Rock in Rio porque já estava casada e com uma filha pequena, Layla, que tem agora 13 anos e quer ver Britney Spears e ´N Sync. Trabalha no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro e continua fã de Brian May, o guitarrista do Queen. "Acho que hoje, com 35 anos, aproveitaria muito mais qualquer dia do festival", diz Niége. Aquela primeira vez a fez gostar de outros estilos. "Aqui estavam os individualistas e os comunitários, os diferentes times de futebol, as diferentes colorações de pele", escreveu a crítica Ana Maria Bahiana na época.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.