Jack White, ex-White Stripes e dono de carreira solo venerada, surpreendeu-se quando descobriu a banda Death. Ouviu Politicians in My Eyes, um protopunk urgente, endereçado diretamente à política de guerra norte-americana durante o conflito no Vietnã, criada para ser lançada em 1975, juntamente com o restante do disco.
Nenhuma gravadora quis contratar o trio de irmãos negros que faziam um som tão contundente, veloz, sujo e à frente do seu tempo, como descobriu-se depois, com o surgimento do punk como gênero. Foram necessários 34 anos para que a história do Death fosse reescrita e o álbum ...For The Whole World To See, ouvido. “Eu não pude acreditar no que estava ouvindo”, declarou White. E é compreensível. Em 2009, quando Politicians in My Eyes enfim saiu, o clima de medo ainda era o mesmo, tal qual é a desconfiança política. O Death, com mais de três décadas de atraso, é necessário.
Reerguidos do limbo, os três integrantes (os irmãos Bobby e Dannis Hackney e Bobbie Duncan – o último substituiu David Hackney, criador do grupo, morto em 2000) vieram a São Paulo em 2016 e voltam à cidade para uma nova e explosiva performance nesta quinta, 27, no Sesc Pompeia, às 21h30 (ingressos de R$ 12 a R$ 40).
Na bagagem, o single Cease Fire, uma canção lançada no fim de março, dias antes dos ataques norte-americanos à Síria. O título da música pode ser traduzido livremente como “cessar fogo”. O Death acertou em cheio de novo. “Se parar para pensar, não houve tanta mudança no mundo”, diz Dannis, baterista da banda. “Na política, a situação ainda continua parecida. As pessoas ainda preferem as armas à razão. Essa é a mensagem que queremos passar. Precisamos de líderes melhores. É impossível fazer a bala voltar ao revólver uma vez que o gatilho é acionado. O dano já foi feito.”