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Pop adolescente sai de cena

Em tempos de crise e incertezas na indústria fonográfica, a galinha dos ovos de ouro do "bubble gum pop" agoniza

Por Agencia Estado
Atualização:

"O pop adolescente nunca vai morrer." Com esta afirmação, Justin Timberlake defendeu, no fim de semana, a onda que transformou ´N Sync, Backstreet Boys e Britney Spears em estrelas da música internacional. A realidade para os astros do fim dos anos 90, no entanto, parece ser bem diferente, com artistas procurando novas alternativas para se manter em evidência e combater a superexposição. Em tempos de crise e incertezas na indústria fonográfica, nada é tão claro quanto o fato de que a galinha dos ovos de ouro do "bubble gum pop" está agonizante. Timberlake é a exceção no mercado. Graças ao fim do namoro com Spears e ensaios homoeróticos em revistas de moda, ele conseguiu chamar agluma atenção com seu disco-solo, Justified - mas agora tem de juntar forças com Christina Aguillera para fazer uma turnê de verão. Em entrevista coletiva durante a gravação do MTV Movie Awards, em Los Angeles, no fim de semana, ele disse que acha que sempre vai haver público para o tipo de música que fez o ´N Sync famoso. "Enquanto existirem adolescentes e uma cultura com música pop, esse mercado nunca vai morrer, só vai se transformar." Transformação é a palavra do momento para os superastros de agora há pouco. Os Backstreet Boys, "a" boy band original, anunciaram no fim de março que não iriam mais gravar um novo disco tão cedo. "Não estamos nos separando, mas cada um de nós está em um momento diferente", disse Kevin Richardson, um dos integrantes do grupo. O que não significa que eles estejam ocupados: Nick Carter, o único a tentar carreira-solo, encerrou uma turnê de repercussão fria. Richardson acabou recentemente uma temporada no musical Chicago, na Broadway. Agora é a vez de Howie Dorough, outro integrante do grupo, assumir as raízes latinas em um disco-solo com músicas em espanhol. "Vai ser um disco de influência latina, mas com um sentimento internacional", diz o cantor, alegando não querer desapontar "fãs do Japão, da Europa e dos Estados Unidos". Um dos produtores do trabalho é Emilio Estefan, marido de Gloria. O ´N Sync também deve apostar na diversificação. Com os integrantes ganhando apenas exposição por meio de outros projetos (o fiasco de Lance Bass tentando ir para o espaço; Joey Fatone apresentando a versão americana de Fama, na TV), o jeito é prometer "uma nova sonoridade". Timberlake garante que o próximo disco do grupo vai ser "diferente" e deve refletir a "maturidade" pela qual os integrantes vem passando. "Pessoalmente, eu passei a gostar muito de rock nos últimos tempos", disse o cantor. Resta saber se as fãs adolescentes também já ouviram falar no gênero musical. Enquanto isso, Britney Spears tenta seguir os passos de Madonna (uma certa ironia, já que a própria pop star quarentona passa por uma de suas maiores crises de identidade musical). A ex-virgem aposta em uma sonoridade descrita pela MTV americana como "trip hop" (!) e inclui um rap (!!) em uma das faixas. Uma delas, Touch of My Hand, de acordo com Spears, é uma tentativa de ser vista com outros olhos, a exemplo de That´s the Way Love Goes, de Janet Jackson, em 1991. Como diz Timberlake, o pop adolescente sempre vai existir. Mas a onda de vendas milionárias parece ter intervalos de vários anos. O Menudo assolou o mundo no início dos anos 80, mas o New Kids on the Block só apareceu algum tempo mais tarde; o Backstreet Boys só conseguiu espaço depois da morte do grunge. Ao que tudo indica, o intervalo está em pleno vigor.

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