Planet Hemp retorna à cena mais inflamado

O grupo de Marcelo D2 grava CD ao vivo em show hoje em São Paulo, depois da saída do DJ Zé Gonzales e do rapper Black Allien

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Por Agencia Estado
Atualização:

A polícia estava com marcação cerrada nos shows, os músicos estavam sofrendo muito preconceito e as mamães não deixavam os filhos comprar o disco nas lojas. O melhor a fazer seria dar dois passos atrás, pegar mais leve, parar de falar nesse negócio de maconha. Recuar seria o mais sensato diante do caminhão de restrições que Marcelo D2 e os músicos do Planet Hemp encontraram pela frente desde que gritaram "legalize já!" Doce ilusão. Como sensatez nunca combinou mesmo com rebeldia, D2 dá de ombros aos bons modos, tira os samplers do DJ Zé Gonzales, manda para casa também o rapper Black Allien e chuta o balde. "Vou continuar falando e falar até mais que antes. Agora, somos só nós que respondemos a nossos atos e ao que dissermos. Não vamos mudar uma vírgula." O Planet Hemp afina o discurso para voltar à tona mais rock-and-roll - promete - em som e atitude. Por isso, pode-se considerar o show que fará só hoje, no Directv Music Hall, algo antológico em sua existência. A apresentação será gravada pela MTV e lançada em disco ainda neste semestre. Menores de 18 anos serão barrados na porta. Pela mais pura ironia, o grupo que tanto esbraveja contra "o sistema" rende-se a ele e lança seu greatest hits. Se tiver inédita, será apenas uma. Tudo virá dos CDs Usuário, Os Cães Ladram Mas a Caravana Não Pára e A Invasão do Sagaz Homem Fumaça. "Estamos completando dez anos na estrada. Pensamos em colocar inéditas, mas, quando ouvimos as antigas, vimos que precisávamos registrá-las ao vivo de uma forma decente. Resolvemos marcar esta etapa e gravar tudo com guitarra, baixo e bateria", justifica D2. A saída de Allien e Gonzalez foi acertada com o consentimento de todos os integrantes, segundo o vocalista. Comentários de bastidores, no entanto, davam conta de que houve desentendimentos e que a dupla saiu para fazer rap assim que soube da mudança nos planos do Hemp. Marcelo D2 reconhece que a bandeira que empunha, pró-legalização da erva, traz restrições artísticas e pessoais. Em 1997, depois de um show em Brasília, o grupo foi preso e acusado de fazer apologia ao crime. Para ser preciso, a banda teria infringido o artigo 12, parágrafo 2.º, inciso 3 da Lei Antitóxico, ao "apresentar música que estimula o uso da maconha", como constatou um delegado. O show havia sido todo gravado por policiais. Carma censório - Ao estabeler a censura mínima de 18 anos para o show de hoje, o Juizado de Menores dá um duro golpe no público principal da banda - jovens na faixa entre os 15 e 19 anos. D2, enfurecido, dispara: "Eu já estou aceitando estas coisas como o meu carma. Vou continuar falando e pronto. No tempo em que estávamos sem fazer shows, ligava a tevê e via bandas de rock no Faustão. Ninguém fazia o trabalho de protesto que a gente estava fazendo. Nossa volta era importante por isso também." Planet Hemp. Hoje, às 21h30. Directv Music Hall (Av. dos Jamaris, 213. Tel.: 5643-2500) Ingressos: de R$ 25 a R$ 50. Censura: 18 anos.

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